quarta-feira, 30 de abril de 2014

A pena de morte nas Ordenações do Reino

Famosas pela severidade das penas, particularmente no Livro Quinto, as Ordenações do Reino (*), compiladas e publicadas no começo do Século XVII, vigoraram não apenas em Portugal, mas também em suas colônias, o que incluía o Brasil. Vale lembrar que, no caso brasileiro, mesmo após a Independência, quando faltava legislação específica, recorriam os juristas às Ordenações, e isso por muito tempo.
Veremos aqui alguns dentre os muitos casos em que, de acordo com as Ordenações, alguém seria sentenciado à morte:

Livro Primeiro
Título XXXIII - Carcereiro que violentasse uma presa;
Título LXXVII - Carcereiro que permitisse a fuga de um sentenciado à morte;
Título LXXX - Tabelião que fizesse escritura falsa.

Livro Quinto
Título III - Quem praticasse o que era chamado de feitiçaria;
Título VIII - Quem abrisse carta do rei e revelasse segredo do rei ou do Reino;
Título IX - Membro do conselho do rei que revelasse segredos;
Título XII - Quem fizesse moeda falsa ("morte natural de fogo" !!!);
Título XV - Homem que entrasse ilicitamente em convento de freiras;
Título XIX - Homem casado com duas mulheres ou mulher casada com dois homens;
Título XXXII - Alcoviteiro de mulher casada;
Título XXXV - Assassinos em geral, salvo em caso reconhecido como de legítima defesa, lembrando que um assassino profissional (era considerado agravante) teria primeiro as mãos decepadas e só então seria executado;
Título LIV - Quem desse falso testemunho em juízo;
Título CXIII - Quem levasse metais preciosos para fora do Reino, sendo, no entanto, permitido, em caso de uma viagem, levar pouca quantidade de metal precioso, desde que em dinheiro amoedado.

Esta lista está longe de incluir a totalidade dos crimes cuja sentença era a morte. Serve, porém, de exemplo, para que se tenha uma ideia de como os valores mudaram desde o Século XVII até nossos dias, conforme meus leitores não terão dificuldade em averiguar. Há coisas que eram punidas com a morte e que, atualmente, não são sequer avaliadas como atos criminosos.

(*) Ordenações do Reino, de acordo com a edição de 1824 da Universidade de Coimbra.


Veja também:

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Sobre o unicórnio


Unicórnio, de acordo com representação do Século XVI (*)
Um unicórnio deveria ser, por definição e etimologia, um ser vivo dotado de um único chifre. Fácil, dirão alguns leitores, veja os rinocerontes!...
Mas, como se sabe, há rinocerontes com dois chifres, e o problema permanece porque a suposta criatura a que na Antiguidade e no Medievo se atribuía o nome de unicórnio era bem diversa de um rinoceronte. Era geralmente descrita como um belíssimo cavalo branco, tendo, na testa, um longo chifre espiralado. Vê-se, portanto, que até onde vão os conhecimentos da humanidade, tal ser não existe e, provavelmente nunca existiu - não foram encontrados fósseis que tivessem tais características.
Ainda assim, pela época do Renascimento acreditava-se, na Europa, que pó de chifre de unicórnio era o melhor remédio contra venenos diversos, inclusive de animais peçonhentos, além de combater pestes em geral. Resta saber de que animal, de fato, vinha tal pó...
Se recordarmos a devastação causada pela Peste Negra (pandemia de peste bubônica), talvez possamos dizer, não sem um sorriso mordaz, que a mortandade decorreu, afinal, da falta de um suprimento conveniente de chifres de unicórnio, não é mesmo? Não me entendam mal, leitores. O mais difícil é aceitar que ainda hoje haja quem acredite nessas tolices.

(*) THEVET, André. Cosmographie Universelle vol. 1. Paris: Guillaume Chaudiere, 1575. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.


Veja também:

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Como foi construída a primeira capital do Brasil

Brasília não foi, no Brasil, a primeira cidade construída para ser Capital. Essa primazia pertence a Salvador, então "Cidade da Bahia", estabelecida sob as ordens do primeiro governador-geral português, Tomé de Sousa.
Não havia nenhum prédio público esperando o primeiro governador quando este chegou à colônia. Era o que se poderia chamar de "começar do zero", conforme explicou Gabriel Soares em seu Tratado Descritivo do Brasil em 1587, já que as primeiras providências estavam relacionadas a encontrar um lugar satisfatório para a nova (e primeira) cidade (¹) do Brasil:
"Como Tomé de Sousa acabou de desembarcar a gente da armada e a assentou na Vila Velha, mandou descobrir a baía, e que lhe buscassem mais para dentro alguma abrigada melhor que a em que estava a armada [...]; e por se achar logo o porto e ancoradouro [...], mandou passar a frota para lá por ser muito limpo e abrigado [...]; mandou descobrir a terra bem, e achou que defronte do mesmo porto era o melhor sítio que por ali havia para edificar a cidade [...], por defronte deste porto estar uma grande fonte bem à borda da água que servia para aguada dos navios e serviço da cidade [...]." (²)
Acertou Tomé de Sousa em estabelecer a povoação onde havia água. Para a segunda providência as informações dos colonos devem ter sido decisivas:
"E tomada esta resolução se pôs em ordem para este edifício, fazendo primeiro uma cerca muito forte de pau a pique, para os trabalhadores e soldados poderem estar seguros do gentio." (³)
Não venham os meus leitores questionar quão segura podia ser uma cerca de pau a pique; a coisa era provisória e, além disso, usual no Brasil - os próprios índios a usavam para proteger suas aldeias.
Vamos em frente.
Tomé de Sousa tomou, a seguir, uma providência verdadeiramente inaudita no Brasil, mandando fazer um arruamento organizado, coisa que quase não se acha entre as cidades coloniais portuguesas na América, ainda que fosse muito frequente na América Espanhola; estando prontas as ruas, fizeram-se as primeiras casas para alojar soldados, marinheiros e os mais que tinham vindo:
"[...] Arrumou a cidade dela para dentro, arruando-a por boa ordem, com as casas cobertas de palma ao modo de gentio, nas quais por entretanto se agasalharam os mancebos e soldados que vieram na armada." (⁴)
Iam aqui os portugueses seguindo os hábitos da terra, ao fazer as casas com cobertura "ao modo do gentio". Daí, estando o mais básico concluído e, ainda segundo Gabriel Soares, cuidou Tomé de Sousa da fortificação da nascente cidade, com o duplo propósito de defendê-la de ataques dos povos nativos (o que nos mostra que, nesse tempo - 1549 em diante - os confrontos entre índios e portugueses já eram encarniçados naquela região), bem como de piratas e corsários estrangeiros, o que, em geral, equivalia a dizer ingleses e/ou franceses. Conta, sobre isso, o mesmo Gabriel Soares:
"[...] Ordenou de cercar esta cidade de muros de taipa grossa, o que fez com muita brevidade, com dois baluartes ao longo do mar e quatro da banda da terra, em cada um deles assentou muito formosa artilharia que para isso levava, com o que a cidade ficou muito bem fortificada para se segurar do gentio." (⁵)
Quatro baluartes na direção da terra, dois na do mar - já se vê onde estava a maior preocupação!
Por último, como a Cidade da Bahia se edificava para ser a residência do governador-geral, deviam ser construídos prédios públicos. E foi exatamente o que aconteceu:
"[...] O governador fundou logo um colégio dos padres da Companhia e outras igrejas, e grandes casas para viverem os governadores, casas da Câmara, Cadeia, Alfândega, Contos, Fazenda, armazéns e outras oficinas convenientes ao serviço de Sua Alteza." (⁶)
Recapitulando, a ordem no estabelecimento da primeira capital do Brasil foi:

a) Procurar um bom porto, no qual houvesse água para abastecer os navios e a nova cidade;
b) Fazer uma fortificação provisória (de pau a pique) para defesa dos colonos;
c) Fazer o arruamento, ordenadamente;
d) Construir casas para acomodar a população que, vinda do Reino, acompanhava o primeiro governador-geral;
e) Estabelecer uma fortificação de melhor qualidade, inclusive com artilharia;
f) Edificar os prédios públicos necessários.

Obrou bem esse Tomé de Sousa. Bom mesmo seria se sua lógica houvesse atravessado os séculos e chegado, efetiva, até nossos dias.

(1) As povoações fundadas antes de Salvador não tinham legalmente, o status de cidades.
(2) SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado Descritivo do Brasil em 1587. Rio de Janeiro: Laemmert, 1851, p. 113.
(3) Ibid.
(4) Ibid., pp. 113 e 114.
(5) Ibid., p. 114.
(6) Ibid.


Veja também: 

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Uma xícara de chocolate pela manhã

Responda, leitor: O que é que faz a alegria de sua refeição matinal?
Há, na Nobiliarchia Paulistana, de Pedro Taques de Almeida Paes Leme, uma referência muito interessante a um padre chamado Estanislau de Campos, que não apenas foi um destacado religioso mas também um importante conselheiro político em São Paulo, isso na primeira metade do Século XVIII.
Pois bem, madrugava o Padre Estanislau de Campos, de modo que às cinco horas da manhã podia ser visto, diariamente, a celebrar missa; depois, ia ouvir confissões, e isso fazia com muita paciência, por todo o tempo que se fizesse necessário.
Longevo, viveu o Padre Estanislau até os noventa anos de idade.
Isso tudo seria já suficiente para declararmos tal homem como um religioso muito honrado e cumpridor de seus deveres. Porém há mais. Segundo Pedro Taques, Padre Estanislau tinha um costume que praticava, logo cedo, devotamente, nos instantes que transcorriam entre o fim da missa e o atendimento no confessionário: tomava sempre uma xícara de chocolate.
Estaria nisso o segredo da longevidade?


Veja também:

segunda-feira, 21 de abril de 2014

"Terrenos ocupados por indígenas ferozes"

O leitor brasileiro que souber um mínimo de geografia considerará que o mapa abaixo, da Província de São Paulo em 1868 (*), tem um aspecto algo diferente do de um mapa atual. Primeiro, as proporções não parecem muito corretas - a cartografia progrediu muito em um século e meio. Depois, as divisas estaduais também são estranhas, até porque algumas dúvidas, nesse sentido, só foram resolvidas após a data do mapa em análise.


O aspecto mais curioso, no entanto, fica no lado esquerdo, em coloração rosada: um área considerável da Província de São Paulo identificada como sendo "terrenos ocupados pelos indígenas ferozes".
Antes de mais nada, esse "detalhe" nos mostra que, à época, a urbanização de São Paulo era ainda muito restrita. A ocupação de terras para cultura do café ia já empurrando a colonização cada vez mais rumo ao interior, mas, claramente, ainda não chegara à área rosa... Vale, pois, explicar, que a denominação que no Segundo Império era dada à nova e altamente promissora região cafeeira - o "Oeste Paulista" - nada tinha a ver com o Oeste geográfico da Província, que era, se nos ativermos ao mapa que hora estudamos, ainda de posse dos "indígenas ferozes". O "Oeste Paulista" do café era centrado em Campinas e adjacências, e recebeu esse nome porque, sendo o Vale do Paraíba a área original de produção cafeeira, os fazendeiros que abriam novas frentes para a lavoura iam, aproximadamente, para o Oeste, isso em relação ao Vale do Paraíba, e não em termos geográficos absolutos.
Finalmente, há a considerar o que ocorreu aos "ferozes habitantes" da temida área rosa, já que a expansão da lavoura cafeeira e a construção de ferrovias iria, logo, chegar lá também. As populações indígenas sobreviventes seriam, aos poucos, empurradas rumo ao interior. Digo sobreviventes porque, de forma deliberada ou não, a população indígena foi sendo consumida por doenças. O relacionamento com colonizadores levava até eles enfermidades às quais não resistiam. Perversamente, fazia-se o possível, às vezes, para que tivessem contato com a varíola, que era entre eles particularmente devastadora. Some-se a isso os confrontos armados entre indígenas e colonizadores e ter-se-á uma ideia de alguns dos motivos pelos quais, olhando para um mapa atual de São Paulo, as coisas sejam tão diferentes do que eram em 1868. A vinda maciça de colonos europeus modificou sensivelmente o padrão étnico na área. Restou, se é que é consolo, um acento no falar que, esse sim, reporta aos antigos habitantes da região.

(*) ALMEIDA, Cândido Mendes de (org.). Atlas do Império do Brasil. Rio de Janeiro: Lithographia do Instituto Philomathico, 1868.


Veja também:

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Como Ciro, o persa, conquistou Babilônia

À primeira vista, pode parecer que os povos da Antiguidade valorizavam a força acima de qualquer outra coisa. Coragem na guerra e capacidade de lutar até morrer, se fosse necessário, eram alvo da admiração popular. No entanto, se devemos dar crédito a muitas narrativas que, desde tempos remotos chegaram até nossos dias, a esperteza e a inteligência eram, no mínimo, tão valorizadas quanto a força bruta.
Um acontecimento (e não de pequena importância) que ilustra muito bem essa questão é a forma pela qual os exércitos de medos e persas, comandados por Ciro, conquistaram a Babilônia.
Cabe aqui, antes de seguirmos em frente, dizer duas ou três palavrinhas sobre a famosa Babilônia. Ficava ela na Mesopotâmia, e como muitas outras cidades da região, passou por altos e baixos ao longo de sua história. A Babilônia de que estamos tratando, a que Ciro conquistou, era a sede de um poderoso império (classificado como "Segundo Império Babilônico"), que conseguiu firmar-se após o período de hegemonia da Assíria, cuja capital era Nínive.
Pois bem, pelos relatos do passado e pelas ruínas arqueológicas, Babilônia, atravessada pelo rio Eufrates, devia ser linda. Em termos de arte e arquitetura, era deslumbrante aos olhos de quem lá chegava. Foi também um importante centro de investigação científica, ao menos para os padrões daqueles dias - a tremenda bagunça entre astrologia e astronomia teve um ápice em Babilônia, e a confusão foi tanta, que até hoje há quem não consiga separar uma coisa da outra. A escrita que lá se empregava era a cuneiforme e o sistema de numeração era sexagesimal - você o usa cada vez que olha para o relógio.
A religião, como acontecia com quase todos os povos da Antiguidade, era politeísta e envolvia práticas que, mesmo para as ousadas mentalidades do Século XXI, seriam tidas como um escândalo.
Mas, acima de tudo isso, Babilônia era riquíssima. Os tesouros acumulados graças ao comércio e à tributação dos povos dominados tornaram-na um alvo bastante óbvio para a cobiça de muitos monarcas, de modo que Ciro, governante de persas e medos, pretendeu conquistá-la. Mas como?
Babilônia parecia inexpugnável. Suas altas muralhas afiguravam-se intransponíveis. Só a força bruta não seria, jamais, suficiente para derrotá-la. Num cenário assim, a inteligência teria que trabalhar muito.
Temos, de Heródoto de Halicarnasso, um relato detalhado de como tudo aconteceu.
Ciro (entenda-se aqui o próprio rei e seu estado-maior) constatou que, nas cercanias da cidade, havia um velho lago (já usado do passado) e que estava praticamente seco. Assim, colocou seus melhores soldados, que dividiu em dois grupos, perto de onde o Eufrates entrava em Babilônia e perto de onde saía. Depois, determinou que os sapadores construíssem um canal que, ligando o Eufrates ao lago, permitisse um desvio das águas, de modo que o nível do rio baixasse o suficiente para ser atravessado por forças pedestres.
Quando os soldados, aguardando em seus postos, viram que a água havia baixado, entraram no leito do rio e passaram para dentro da cidade. Ao que tudo indica, era noite quando essa manobra se verificou.
Porém...
Porém o curso do Eufrates, mesmo dentro de Babilônia, era muito bem protegido.
Altos muros margeavam o rio, e o acesso a ele se fazia por enormes portões que eram, habitualmente, fechados durante as horas da noite. Desse modo, aponta Heródoto, teria sido facílimo aos babilônios promover um verdadeiro massacre de persas, se tão somente tivessem, postados no alto dos muros, encontrado um aprazível entretenimento em assetear os invasores. Mas isso não aconteceu, e por um motivo que fez toda a diferença nessa história.
Naquela data estavam os babilônios, tanto os poderosos como a gente comum, comemorando uma de suas festas religiosas e, seja por descuido, seja por excesso de confiança, ninguém se lembrou de fechar os portões que davam acesso ao rio, mesmo sabendo que inimigos andavam por perto. Os persas, entrando sorrateiramente, já haviam tomado o controle da periferia da grande metrópole, enquanto os moradores da região central, bem como a elite dominante, envolvidos na festança, nem faziam ideia do que se passava. Era 539 a.C., chegava ao fim a hegemonia babilônica.


Veja também:

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Os pecados dos senhores de engenho

Todo jovem estudante brasileiro, quando apresentado às questões relacionadas ao Período Colonial, logo aprende que os figurões da época eram mesmo os senhores de engenho. Tinham o controle da produção de açúcar (a grande riqueza da terra e fonte de lucros para o Reino), eram donos do dinheiro e não economizavam na ostentação (embora dentro de casa fossem descuidados no vestuário); faziam e desfaziam no controle político das povoações próximas aos engenhos e, em suas residências, eram os mandões absolutos, com uma autoridade de vida e morte sobre todos os subordinados, o que incluía mulher e filhos, trabalhadores assalariados, vizinhos cultivadores de cana-de-açúcar e toda a escravaria de sua propriedade.
A lei dificilmente os alcançava. Há relatos verídicos de um senhor que executou a nora por suposto adultério e de outro que mandou matar um filho por suspeitá-lo interessado em uma sua amante. A exploração sexual das escravas era coisa corriqueira e - absurdo dos absurdos - muitas vezes os filhos que disso procediam eram conservados na escravidão.
Torturar escravos era, por gente assim, entendido como um direito de propriedade. Não tinham pago pelos cativos? Então, segundo essa lógica, podiam fazer deles o que bem entendessem.
Com tudo isso, eram os senhores de engenho, ao menos formalmente, muito religiosos. Iam às missas, aparentavam respeitar os padres, muitos tinham capela e capelão próprio em suas terras, reputavam por grandíssima honra ter um religioso na família (¹). Não deixavam de ser, contudo, o maior entrave à catequese, tanto de índios como de africanos, no dizer dos próprios missionários, e isso em virtude do mau exemplo que ofereciam. O açúcar era produzido à custa de muito pecado, é o que se deduz deste trecho escrito pelo padre jesuíta Fernão Cardim:
"Os encargos de consciência são muitos, os pecados que se cometem neles (²), não têm conta; quase todos andam amancebados por causa das muitas ocasiões; bem cheio de pecados vai esse doce, porque tanto fazem; grande é a paciência de Deus, que tanto sofre." (³)
Estava o Século XVI marchando para o final quando Cardim escreveu as palavras que acabo de citar. Nem havia chegado ainda o apogeu da produção açucareira. Até lá, quanto mais não aconteceria!

(1) Embora não fosse regra geral, quase sempre o "escolhido" para ser padre era o filho mais novo; em contrapartida, esse rapazinho teria acesso a uma coisa que estava ao alcance de poucos na Colônia: estudo!
(2) Nos engenhos.
(3) CARDIM, Pe. Fernão, S. J. Narrativa Epistolar de Uma Viagem e Missão Jesuítica. Lisboa: Imprensa Nacional, 184.


Veja também:

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Quantos bois eram necessários para mover um engenho trapiche

Engenhos trapiches eram aqueles que, em lugar de terem o maquinário movido pela força da água, usavam animais, geralmente bois. Eram, portanto, menores que os engenhos d'água (também chamados "engenhos reais") e moíam uma quantidade também menor de cana. Levavam, porém, uma vantagem, a de, havendo cana, poderem moer o ano todo, o que nem sempre acontecia nos engenhos reais, se, porventura, secasse o rio de onde provinha a água, um fato que não era de todo incomum no Nordeste brasileiro.
Os trapiches funcionavam, pois, mediante o trabalho de bois, como se vê nesta referência de Gabriel Soares a um engenho feito por Salvador Corrêa no Rio de Janeiro (onde os trapiches eram comuns):
"Defronte desta enseada está a ilha de Salvador Corrêa, que se chama Parnapicu, que tem três léguas de comprido e uma de largo, em a qual está um engenho de açúcar, que lavra com bois, que ele fez." (¹)
Um engenho antigo muito simples
Pergunta-se: Quantos bois eram necessários para que um engenho-trapiche pudesse funcionar a contento?
A resposta vem do Padre Fernão Cardim que, com um grupo de jesuítas que acompanhava o Visitador da Ordem, percorreu a costa do Brasil na década de oitenta do Século XVI, o primeiro da colonização:
"Os trapiches requerem sessenta bois, os quais moem de doze em doze revezados; começa-se de ordinário a tarefa à meia-noite, e acaba-se ao dia seguinte às três ou quatro horas depois de meio dia." (²)
Um engenho era uma estrutura complexa destinada a dar lucros ao seu proprietário. Portanto, trabalhava-se até o limite da capacidade física, quer de homens, quer de animais. Esgotava-se também a terra, se fosse o caso. Afinal, esses eram tempos em que questões ambientais não faziam parte da ordem do dia. No futuro, todavia, até mesmo os governantes portugueses iriam preocupar-se: engenhos consumiam muita madeira e, com isso, as matas estavam desaparecendo.
Solução? Deu-se uma ordem para que não se construíssem engenhos muito próximos uns dos outros...

(1) SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado Descritivo do Brasil em 1587. Rio de Janeiro: Laemmert, 1851, p. 85.
(2) CARDIM, Pe. Fernão, S. J. Narrativa Epistolar de Uma Viagem e Missão Jesuítica. Lisboa: Imprensa Nacional, 1847, p. 55.


Veja também:

domingo, 13 de abril de 2014

Uma senhora que caiu do cavalo

As povoações coloniais eram, em geral, muito pequenas, e acontecimentos que nos pareceriam de todo triviais tornavam-se, então, assunto para muito falatório. Nascimentos, casamentos, falecimentos, tudo era contado em seus mínimos detalhes, principalmente se as circunstâncias envolvidas fugissem ao padrão.
Ora, senhores leitores, é possível que estejam a pensar que hoje as coisas não são, afinal, muito diferentes...
Não, mesmo. Mas é que a quantidade de "notícias" disponíveis costuma ser muito maior, e vêm elas de todos os cantos do planeta. Por assim dizer, não sobra tanto tempo para dissecar um único acontecimento. Mas não era esse o caso no passado. As comunicações eram dificílimas e notícias de longe levavam meses, às vezes anos, para finalmente alcançarem as vilazinhas coloniais. A fofoca, pois, era alimentada pelos acontecimentos da própria localidade.
Vai aqui um exemplo, colhido na Nobiliarchia Paulistana, de Pedro Taques de Almeida Paes Leme. Morreu Dona Francisca Leite, rica fazendeira de gado, casada com Pedro Cardoso, que havia "passado para a Índia". O casal não tinha filhos. Que haverá de anormal nisso? As circunstâncias da morte, claro, que Pedro Taques narra com um colorido notável. Vejamos:
"D. Francisca Leite, que faleceu sem geração pelo infeliz sucesso que lhe aconteceu por ser bastantemente resoluta em montar qualquer generoso cavalo, que o sabia mandar com excelência de qualquer perfeito cavaleiro."
Começa aí o espetáculo da intriga. O que, na época, era virtude em um homem, nem sempre se via com bons olhos em uma senhora. O que Pedro Taques quer nos dizer é que D. Francisca tinha-se metido a fazer o que não devia, ou seja, cavalgava como se fosse um homem. Mas vale a pena continuar, já que, consecutivamente, vem a descrição por-me-no-ri-za-da das circunstâncias de tão fatal acidente:
"Ao vadear uma grande ribeira, para avançar o alto barranco dela, picou com esporas de pua ao bruto, que carregando a grande corpulência desta senhora, avançou a ganhar o barranco com ímpeto, que lhe tinha estimulado o castigo do ferro..."
Sou obrigada a nova pausa - Pedro Taques, no Século XVIII, não se via na obrigação de ser politicamente correto e, sem nenhum recato, diz que D. Francisca era muito gorda - "carregando a grande corpulência desta senhora..." Ufa, haja veneno!
Mas é hora de concluir, e vem mais:
"E desbroando-se a terra em que já tinha as mãos, voltou-se de costas, e no precipício da queda recebeu D. Francisca o dano de se lhe imprimir no estômago o arção da sela, que era à Jerônima, e para logo perdeu a vida, que parece procurou ela esta fatalidade, pelo atrevimento com que se meteu no perigo."
Calculem agora os meus leitores o que deve, contextualizando à época, ter sido o velório dessa criatura. Valia o mesmo para qualquer outro acontecimento, e nem precisava ser coisa tão notável. Não havia jornais no Brasil daqueles tempos, muito menos redes sociais. Havia, é certo um bom número de tagarelas e, o mais surpreendente, Pedro Taques parece ter sido um deles.


Veja também:

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Uma senzala, por dentro e por fora

Já mostrei, em uma outra postagem, que as senzalas, moradias dos escravos no Brasil, podiam ser construídas de formas variadas, desde que fossem eficientes para impedir a fuga dos cativos, particularmente à noite. E, embora muitos fazendeiros tivessem medo de uma eventual revolta de seus cativos, era usual que as senzalas ficassem perto da casa dos senhores, para que os escravos fossem melhor vigiados.
Hoje, por assim dizer, visitaremos uma senzala específica, a de uma fazenda de café, propriedade de franceses, na região de Cantagalo - RJ, na qual esteve o Príncipe Adalberto da Prússia, isso na década de quarenta do Século XIX.
Escreveu ele:
"Enquanto eu me entretinha com as senhoras da casa, meus companheiros aproveitaram a oportunidade para irem ver o alojamento dos escravos, que ficava numa comprida e suja construção de um só piso, que exteriormente tinha uma grande semelhança com uma cavalariça." (¹)
Não exagerou, o Príncipe. A maioria das senzalas era exatamente assim, já que a qualidade de vida de seus moradores não estava em questão.
Esse era o aspecto externo. Interiormente, uma senzala podia ser ainda mais horripilante:
"Daí percorreram os visitantes um largo corredor até as habitações dos negros, pequenos quartos enegrecidos pelo fumo. Todas as noites, depois do trabalho, os habitantes acendem fogo neles, sentando-se em volta por muitas horas, mesmo depois dos mais árduos trabalhos; conversam e fumam, tanto os homens como as mulheres, o fumo que lhes é distribuído todas as semanas." (²)
Finalmente, observou:
"Nos quartos dormem seis até oito juntos; cada um tem sua esteira, e além disto a maioria deles constrói com galhos de árvores e tábuas ajustadas pequenas camas em que gostam muito mais de dormir do que nas esteiras [...]." (³)
Um visitante estrangeiro vinha com a sensibilidade aguçada para observar detalhes do quotidiano no Brasil que, em regra, passariam despercebidos a autores nacionais. Como bem notaram José Bonifácio e Saint-Hilaire, a escravidão fazia com que as pessoas se acostumassem à crueldade com que os trabalhadores cativos eram tratados, fazendo-a parecer uma coisa "natural". Não era, e é graças a testemunhos como o de um príncipe alemão (Adalberto da Prússia), entre tantos outros, que chegamos a detalhes no estudo do que era ser escravo que, de outro modo, estariam, talvez, perdidos para sempre. Detalhes como esse de que os escravos, não suportando as míseras esteiras que lhes eram fornecidas, faziam camas rústicas para si mesmos.

(1) ADALBERTO, Príncipe da Prússia. Brasil: Amazônia - Xingu. Brasília: Senado Federal, 2002, p. 130.
(2) Ibid.
(3) Ibid.


Veja também:

terça-feira, 8 de abril de 2014

Guarás


Guará, em ilustração
 do Século XVII (²)
Guarás, aqui, é bom esclarecer, não são os "lobos", e sim aves litorâneas, de penas vermelhas (Eudocimus ruber), que causaram forte impressão nos colonizadores europeus. Há, por exemplo, o relato é do Padre Fernão Cardim, que acompanhou o visitador jesuíta, Padre Cristóvão Gouvêa, em suas viagens pelo Brasil, e refere-se a acontecimento do ano de 1585:
"Ao dia seguinte, depois de jantar, partimos para São Vicente, e caminhando três léguas por um grande e formoso rio cheio de uns pássaros vermelhos que chamam guará, dos formosos desta terra, os quais são como pegas; os bicos são de um bom palmo e na ponta revoltos, e têm mui compridas pernas; [...]. Vivem junto d'água salgada e nela se criam e sustentam." (¹)
Já no Século XIX, outro clérigo, o Padre Ayres de Casal, iria escrever em sua Corografia Brasílica:
"Os formosos guarás, que são numerosíssimos na proximidade do mar, onde só habitam, quando pousam em bando sobre alguma árvore seca ou despida de folhas, esta fica vistosíssima." (³)
Mas acrescentaria esta nota, obviamente triste:
"As espingardas têm feito maior destruição nestes viventes em três séculos do que as taquaras dos indígenas em toda a antiguidade." (⁴)

Um glorioso descendente das aves que sobreviveram às taquaras e às espingardas

(1) CARDIM, Pe. Fernão, S. J. Narrativa Epistolar de Uma Viagem e Missão Jesuítica. Lisboa: Imprensa Nacional, 1847, pp. 98 e 99.
(2) PISO/PIES, Willen et MARKGRAF, Georg. Historia naturalis Brasiliae. Amsterdam: Ioannes de Laet, 1648, p. 203.
(3) CASAL, Manuel Ayres de. Corografia Brasílica, vol. 2. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1817, pp. 262 e 263.
(4) Ibid., p. 263.


Veja também:

domingo, 6 de abril de 2014

Rabanetes, cebolas e alhos

A alimentação dos construtores de pirâmides no Egito Antigo


História contada por Heródoto: ao visitar a pirâmide de Quéops, viu nela uma inscrição que relatava quanto se gastara, em sua  construção, apenas para o fornecimento de rabanetes, cebolas e alhos para os trabalhadores e capatazes. Interrogando um intérprete, este lhe teria dito que a soma alcançava nada menos que 4600 talentos de prata.
Acalmem-se, leitores: rabanetes, cebolas e alhos não eram, por suposto, os únicos alimentos dos quais se serviam os egípcios. Eram, no entanto, parte importante de sua dieta. Sim, podem fazer uma careta, mas continuem a ler...
Talento era uma unidade de massa que se empregou largamente na Antiguidade, em especial para a medida de metais preciosos, tais como o ouro e a prata. O problema é que cada região tinha o talento que queria - não estou fazendo nenhum trocadilho - de modo que a tal medida variava consideravelmente. Para os gregos, um talento corresponderia a cerca de vinte e seis quilos, enquanto que para os babilônios, podia chegar a mais de sessenta.
Ora, Heródoto era grego, e parece-me bem razoável que calculemos quanto se gastou em rabanetes, cebolas e alhos usando simplesmente o talento grego. Vejamos:
Se um talento equivale a vinte e seis quilos, e foram gastos quatro mil e seiscentos talentos de prata, devemos concluir que a despesa subiu a nada menos que cento e dezenove mil e seiscentos quilos. Incrível? Talvez não, se considerarmos que incríveis, na verdade, eram as dimensões da pirâmide, construída, em essência, à força de músculos de seres humanos que, como acertadamente assinalou Heródoto, precisavam de ferramentas, vestuário e comida, na qual se incluía, como vimos, uma enorme quantidade de rabanetes, cebolas e alhos. Não era, por certo, uma sorte a ser invejada, a desses edificadores de pirâmides.
É importante notar que Heródoto, que afirmou ter visitado o Egito, viveu muito tempo depois da construção das pirâmides. Por essa razão, não se pode considerar que seus relatos sejam uma expressão fiel da realidade em todos os seus detalhes. Hoje sabemos que muito do que dizia não passava de conversa fiada, intencionalmente ou não. Às vezes, muita tolice podia derivar de uma interpretação equivocada dos fatos, que se compreende até com facilidade vindo ele de uma cultura e idioma diferentes. Ainda, assim, seus relatos são importantes, já que, a despeito das óbvias imperfeições, contribuem para que tenhamos uma ideia do modo de vida adotado pelos antigos egípcios, com informações que a egiptologia contemporânea tem, efetivamente, validado. Ou seja, não podemos ter certeza absoluta quanto ao total gasto (eram comuns, na época, os exageros), mas quanto a rabanetes, cebolas e alhos serem parte importante da dieta não temos dúvidas, já que há várias outras fontes que mencionam o fato. E, em História, a diversidade de fontes é sempre muito desejável.


Veja também:

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Caldo de macaco

A história de hoje não é coisa de filme de aventura - aconteceu de verdade, durante a Expedição Langsdorff, que percorreu o Brasil entre os anos de 1825 e 1829. Para maior exatidão, deve-se mencionar que o fato deu-se pelas alturas do rio Juruena, o que nos leva a concluir que em território do atual Estado de Mato Grosso.
Foi Hércules Florence, desenhista da Expedição, quem contou sobre as lamentáveis condições em que se encontravam cientistas, artistas, militares e outros corajosos que ousaram enfrentar um Brasil, à época, praticamente desconhecido:
"Acabrunhavam-nos as enfermidades; os mosquitos causavam-nos duros sofrimentos, não nos dando a menor trégua.
Por cima do mais sobreveio uma chuva torrencial que durou dias seguidos, molhando tudo quanto tínhamos, até dentro das barracas.
A pesca e a caça nada produziam. Tudo concorria para tornar-nos aquela parada intolerável." (¹)
Tão desesperadora era a situação, que aos encarregados de prover alimento para os famintos expedicionários não restou alternativa senão preparar nada menos que primatas para as refeições. Prossegue a narrativa de Florence:
"Víamo-nos reduzidos a tomar caldos de coatás e barrigudos, duas espécies de macacos, aí muito numerosos, sem dúvida em razão dos frutos do tucuri, caldos aliás excelentes; pois, embora me tivessem as sezões embotado o paladar e repugnasse a carne, senti que o estômago enfraquecido dava-se bem com aquele restaurador alimento." (²)
Assumam, leitores, é de causar náuseas, só à simples imaginação, não é mesmo? Mas, como se vê, ninguém estava diante de fartas opções em um restaurante fino; tampouco era um caso de propensão ao consumo de acepipes exóticos. Era questão de sobrevivência.

(1) FLORENCE, Hércules. Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas de 1825 a 1829. Brasília: Ed. Senado Federal, 2007, p. 242.
(2) Ibid., p. 243.


Veja também:

terça-feira, 1 de abril de 2014

Postagem nº 500 em História & Outras Histórias

De fato, esta é a postagem nº 500 neste blog. E, sim, gostaria de iniciá-la de forma algo mais criativa, mas, por hora, não me ocorre nenhuma ideia. Tenham um pouco de paciência, leitores.
Quando comecei este blog, no Natal de 2009, estava um tanto incerta quanto ao rumo que deveria dar a ele. Pois bem, depois de alguma pesquisa, constatei que muitos blogs (escritos em Português do Brasil) e relacionados à História eram mais parecidos a um álbum de recortes que propriamente textos de um só autor. Portanto, como o que eu pretendia era publicar sempre meus próprios textos, concluí que haveria espaço, ainda que restrito, para mais um blog, malgrado o começo ter sido difícil. Como acontece com quase todos os blogs, a princípio as visitas, quando ocorriam, eram muito escassas, e cheguei a pensar se valia a pena escrever para que tão poucos lessem. O tempo passou e, gradualmente, os acessos foram aumentando, de modo que algumas postagens tiveram e têm um público considerável.
É verdade que, de saída, tinha ciência de algumas dificuldades a enfrentar. Por exemplo, estava cansada de saber que, embora se afirme que, no Brasil, a quantidade de leitores (de livros, revistas, etc.) tem crescido consideravelmente, os números não chegam a ser tão animadores quando se verifica o que é que de fato leem. Um outro aspecto a considerar é que a maioria das pessoas só se interessa por História quando é obrigada pelas circunstâncias, ou seja, quando tem algum trabalho escolar a fazer, e o meu propósito não era escrever para que estudantes copiassem (embora esteja ciente de que muitos o fazem, mesmo que isso não seja nada recomendável). Sim, todos os visitantes são bem-vindos ao blog, mas ninguém pode escrever com acerto se não tiver em mente um público-alvo, e sempre penso em quem se dispõe a ler sobre História porque gosta, e não porque é obrigado.
Resta dizer que houve um momento no qual pensei seriamente em encerrar o blog, entre os meses de setembro e outubro de 2013, nos quais as postagens deixaram de aparecer. Mas, de qualquer modo, "aos trancos e barrancos", hoje chegamos a esta postagem nº 500.
Quero agradecer a todos os leitores - aos que leem porque gostam, aos que leem só por obrigação, aos que indicam o blog aos alunos, aos que assinam as postagens por e-mail ou por um leitor de feeds. Se não fossem os leitores, que razão haveria para escrever?
Para quem quiser ajudar na continuidade de História & Outras Histórias, eu direi que há modos bem simples de fazê-lo:
  1. Indique o blog a seus amigos;
  2. Envie aos amigos um link das postagens que julgar interessantes;
  3. Seja um seguidor da página do blog no Google+;
  4. Marque com +1 as postagens de que gostar;
  5. Se quiser sugerir assuntos para postagem, envie um e-mail para historiaeoutrashistorias@outlook.com.
Agora, vamos às próximas quinhentas postagens...

Uma última observação: O blog História & Outras Histórias tem um irmão mais novo, chamado Captando a Luz, cuja temática é fotografia. Quando tiverem um tempinho, façam uma visita, sim?