Já mostrei, em uma outra postagem, que as senzalas, moradias dos escravos no Brasil, podiam ser construídas de formas variadas, desde que fossem eficientes para impedir a fuga dos cativos, particularmente à noite. E, embora muitos fazendeiros tivessem medo de uma eventual revolta de seus cativos, era usual que as senzalas ficassem perto da casa dos senhores, para que os escravos fossem melhor vigiados.
Hoje, por assim dizer, visitaremos uma senzala específica, a de uma fazenda de café, propriedade de franceses, na região de Cantagalo - RJ, na qual esteve o Príncipe Adalberto da Prússia, isso na década de quarenta do Século XIX.
Escreveu ele:
"Enquanto eu me entretinha com as senhoras da casa, meus companheiros aproveitaram a oportunidade para irem ver o alojamento dos escravos, que ficava numa comprida e suja construção de um só piso, que exteriormente tinha uma grande semelhança com uma cavalariça." (¹)
Não exagerou, o Príncipe. A maioria das senzalas era exatamente assim, já que a qualidade de vida de seus moradores não estava em questão.
Esse era o aspecto externo. Interiormente, uma senzala podia ser ainda mais horripilante:
"Daí percorreram os visitantes um largo corredor até as habitações dos negros, pequenos quartos enegrecidos pelo fumo. Todas as noites, depois do trabalho, os habitantes acendem fogo neles, sentando-se em volta por muitas horas, mesmo depois dos mais árduos trabalhos; conversam e fumam, tanto os homens como as mulheres, o fumo que lhes é distribuído todas as semanas." (²)
Finalmente, observou:
"Nos quartos dormem seis até oito juntos; cada um tem sua esteira, e além disto a maioria deles constrói com galhos de árvores e tábuas ajustadas pequenas camas em que gostam muito mais de dormir do que nas esteiras [...]." (³)
Um visitante estrangeiro vinha com a sensibilidade aguçada para observar detalhes do quotidiano no Brasil que, em regra, passariam despercebidos a autores nacionais. Como bem notaram José Bonifácio e Saint-Hilaire, a escravidão fazia com que as pessoas se acostumassem à crueldade com que os trabalhadores cativos eram tratados, fazendo-a parecer uma coisa "natural". Não era, e é graças a testemunhos como o de um príncipe alemão (Adalberto da Prússia), entre tantos outros, que chegamos a detalhes no estudo do que era ser escravo que, de outro modo, estariam, talvez, perdidos para sempre. Detalhes como esse de que os escravos, não suportando as míseras esteiras que lhes eram fornecidas, faziam camas rústicas para si mesmos.
Não exagerou, o Príncipe. A maioria das senzalas era exatamente assim, já que a qualidade de vida de seus moradores não estava em questão.
Esse era o aspecto externo. Interiormente, uma senzala podia ser ainda mais horripilante:
"Daí percorreram os visitantes um largo corredor até as habitações dos negros, pequenos quartos enegrecidos pelo fumo. Todas as noites, depois do trabalho, os habitantes acendem fogo neles, sentando-se em volta por muitas horas, mesmo depois dos mais árduos trabalhos; conversam e fumam, tanto os homens como as mulheres, o fumo que lhes é distribuído todas as semanas." (²)
Finalmente, observou:
"Nos quartos dormem seis até oito juntos; cada um tem sua esteira, e além disto a maioria deles constrói com galhos de árvores e tábuas ajustadas pequenas camas em que gostam muito mais de dormir do que nas esteiras [...]." (³)
Um visitante estrangeiro vinha com a sensibilidade aguçada para observar detalhes do quotidiano no Brasil que, em regra, passariam despercebidos a autores nacionais. Como bem notaram José Bonifácio e Saint-Hilaire, a escravidão fazia com que as pessoas se acostumassem à crueldade com que os trabalhadores cativos eram tratados, fazendo-a parecer uma coisa "natural". Não era, e é graças a testemunhos como o de um príncipe alemão (Adalberto da Prússia), entre tantos outros, que chegamos a detalhes no estudo do que era ser escravo que, de outro modo, estariam, talvez, perdidos para sempre. Detalhes como esse de que os escravos, não suportando as míseras esteiras que lhes eram fornecidas, faziam camas rústicas para si mesmos.
(1) ADALBERTO, Príncipe da Prússia. Brasil: Amazônia - Xingu. Brasília: Senado Federal, 2002, p. 130.
(2) Ibid.
(3) Ibid.
(2) Ibid.
(3) Ibid.
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Excelente texto! Me ajudou bastante na minha pesquisa! vlw!
ResponderExcluirQue legal, HEREGE! Bom vê-lo por aqui 🙂
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