Engenhos trapiches eram aqueles que, em lugar de terem o maquinário movido pela força da água, usavam animais, geralmente bois. Eram, portanto, menores que os engenhos d'água (também chamados "engenhos reais") e moíam uma quantidade também menor de cana. Levavam, porém, uma vantagem, a de, havendo cana, poderem moer o ano todo, o que nem sempre acontecia nos engenhos reais, se, porventura, secasse o rio de onde provinha a água, um fato que não era de todo incomum no Nordeste brasileiro.
Os trapiches funcionavam, pois, mediante o trabalho de bois, como se vê nesta referência de Gabriel Soares a um engenho feito por Salvador Corrêa no Rio de Janeiro (onde os trapiches eram comuns):
"Defronte desta enseada está a ilha de Salvador Corrêa, que se chama Parnapicu, que tem três léguas de comprido e uma de largo, em a qual está um engenho de açúcar, que lavra com bois, que ele fez." (¹)
Um engenho antigo muito simples |
Pergunta-se: Quantos bois eram necessários para que um engenho-trapiche pudesse funcionar a contento?
A resposta vem do Padre Fernão Cardim que, com um grupo de jesuítas que acompanhava o Visitador da Ordem, percorreu a costa do Brasil na década de oitenta do Século XVI, o primeiro da colonização:
"Os trapiches requerem sessenta bois, os quais moem de doze em doze revezados; começa-se de ordinário a tarefa à meia-noite, e acaba-se ao dia seguinte às três ou quatro horas depois de meio dia." (²)
Um engenho era uma estrutura complexa destinada a dar lucros ao seu proprietário. Portanto, trabalhava-se até o limite da capacidade física, quer de homens, quer de animais. Esgotava-se também a terra, se fosse o caso. Afinal, esses eram tempos em que questões ambientais não faziam parte da ordem do dia. No futuro, todavia, até mesmo os governantes portugueses iriam preocupar-se: engenhos consumiam muita madeira e, com isso, as matas estavam desaparecendo.
Solução? Deu-se uma ordem para que não se construíssem engenhos muito próximos uns dos outros...
(1) SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado Descritivo do Brasil em 1587. Rio de Janeiro: Laemmert, 1851, p. 85.
A resposta vem do Padre Fernão Cardim que, com um grupo de jesuítas que acompanhava o Visitador da Ordem, percorreu a costa do Brasil na década de oitenta do Século XVI, o primeiro da colonização:
"Os trapiches requerem sessenta bois, os quais moem de doze em doze revezados; começa-se de ordinário a tarefa à meia-noite, e acaba-se ao dia seguinte às três ou quatro horas depois de meio dia." (²)
Um engenho era uma estrutura complexa destinada a dar lucros ao seu proprietário. Portanto, trabalhava-se até o limite da capacidade física, quer de homens, quer de animais. Esgotava-se também a terra, se fosse o caso. Afinal, esses eram tempos em que questões ambientais não faziam parte da ordem do dia. No futuro, todavia, até mesmo os governantes portugueses iriam preocupar-se: engenhos consumiam muita madeira e, com isso, as matas estavam desaparecendo.
Solução? Deu-se uma ordem para que não se construíssem engenhos muito próximos uns dos outros...
(1) SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado Descritivo do Brasil em 1587. Rio de Janeiro: Laemmert, 1851, p. 85.
(2) CARDIM, Pe. Fernão, S. J. Narrativa Epistolar de Uma Viagem e Missão Jesuítica. Lisboa: Imprensa Nacional, 1847, p. 55.
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