Oratórios domésticos, pequenos armários com finalidade religiosa - serviam para guardar imagens dos santos de devoção da casa -, foram populares no Brasil Colonial, e mesmo muito depois. Ainda podem ser vistos em uso, especialmente em localidades do interior e áreas rurais. Segundo descrição de José Vieira Fazenda em Antiqualhas e Memórias do Rio de Janeiro, "[...] desses móveis havia-os de muitas qualidades: desde a simples caixa de pinho com suas portas, encimada por simples cruzinha, até os luxuosos - feitos de jacarandá, com magnífica obra de talha, guarnições e puxadores de prata". A desigualdade econômica firmava pé até em assuntos religiosos.
Consta que em fins do Século XVIII e início do XIX, nos oratórios de residências no Rio de Janeiro, já então capital do Brasil, sempre havia imagens de Santa Bárbara e São Jerônimo. Por quê? Esses eram os santos geralmente invocados sempre que uma tempestade irrompia. Voltando a Vieira Fazenda, somos informados de que "ao fuzilar do primeiro relâmpago, ricos e pobres prostravam-se ante as miraculosas efígies [...]. Acendiam-se velas bentas, que assim eram conservadas enquanto durava o perigo. Passado este, tudo voltava ao antigo estado, e todos esqueciam Santa Bárbara e São Jerônimo, para deles se lembrarem no dia seguinte, se por acaso no horizonte se apresentavam sinais de nova trabuzana".
Abaixo vocês têm, leitores, dois oratórios antigos, que recordam a religiosidade do passado. O primeiro (¹) é do Século XVIII; o segundo (²), da segunda metade do Século XIX, mostra que a devoção popular comportava multiplicidade de afeições.
(2) Pertence ao acervo do Museu Histórico e Geográfico de Monte Sião - MG.
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