quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

A tradição de nomear propriedades agrícolas em homenagem a santos

Observem estas duas fotos, leitores. O que elas têm em comum?


Quem percorre o Brasil logo percebe que muitas propriedades agrícolas têm nomes que remetem aos santos do calendário católico. O costume é antigo, e, para essa exibição de religiosidade popular, existe uma ótima explicação, dada por Raimundo José de Cunha Matos:
"No sertão cada fazendeiro tem um santo, seu advogado ou intercessor; e acontecendo estabelecer um sítio ou fazenda, põe-lhe às vezes o nome desse santo; e isso mesmo também se pratica em algumas ocasiões de compras de antigas propriedades, mudando os novos senhores os nomes com que as fazendas eram conhecidas até esse tempo." (¹)
Notem que Cunha Matos fez essa observação por volta de 1823, ou seja, pouco depois da Independência do Brasil. Como as fotos demonstram (²), quase duzentos anos mais tarde o costume ainda persiste, embora, evidentemente, nem toda propriedade agrícola seja nomeada sob o mesmo critério.

(1) MATOS, Raimundo José da Cunha. Itinerário do Rio de Janeiro ao Pará e Maranhão Pelas Províncias de Minas Gerais e Goiás. Rio de Janeiro: Typ. Imperial e Constitucional, 1836, p. XV.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Democraticamente, comentários e debates construtivos serão bem-recebidos. Participe!
Devido à natureza dos assuntos tratados neste blog, todos os comentários passarão, necessariamente, por moderação, antes que sejam publicados. Comentários de caráter preconceituoso, racista, sexista, etc. não serão aceitos. Entretanto, a discussão inteligente de ideias será sempre estimulada.