Animal de estimação é coisa que não se discute. Pode ser lindo, uma obra-prima da natureza, ou feio, disforme e antipático. Não importa: para o dono, é de estimação, e isso é tudo o que conta. Júlio César, ditador perpétuo em Roma, tinha um cavalo de estimação.
Os romanos, como se sabe, eram bastante supersticiosos, e o cavalo de César, que nascera em sua casa, fora agraciado pelos arúspices com o vaticínio de que aquele que o montasse conquistaria o mundo. Que aduladores eram esses arúspices! Conforme conta Suetônio (¹) em De vita Caesarum, a justificativa para o tal presságio é que o potro apresentava as patas mais parecidas com as mãos de um ser humano que com o casco de um cavalo. Acreditem se quiserem, leitores, deixo o caso a critério de vocês. Seja como for, ainda segundo Suetônio, César levou o assunto a sério e criou o cavalo, tratando-o com o máximo cuidado, e, para assegurar-se de que ninguém além dele próprio chegaria a montá-lo, cuidou, em pessoa, de seu adestramento.
Não ficou só nisso. Mandou fazer uma estátua do cavalo, que foi colocada diante do templo dedicado a Vênus Genetrix. A profecia dos arúspices, contudo, jamais se realizou. César, assassinado em 44 a.C., esteve muito longe de dominar o mundo, mesmo para os padrões daquilo que os romanos chamavam de "mundo habitado".
Incitatus, o cavalo favorito de Calígula (²), talvez seja o equino mais famoso de Roma, mas, apesar de exageradamente mimado, não teve o privilégio de ser o primeiro a ter a honra de virar estátua. Se, quanto a este assunto, as informações de Suetônio forem corretas, Calígula (³) apenas imitou César.
(1) 69 - 141 d.C.
(2) Imperador entre 37 e 41 d.C., foi, como César, assassinado.
(3) Calígula era loucamente apaixonado por corridas de cavalos e bigas.
(3) Calígula era loucamente apaixonado por corridas de cavalos e bigas.
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