quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

O Asylum criado por Rômulo e Remo

Rômulo e Remo, os lendários fundadores de Roma, existiram? Foram pessoas reais, gente "de verdade"? Não é impossível que houvesse homens de carne e osso por trás da lenda, mas também não há, ainda, provas irrefutáveis nesse sentido. Contudo, estudar o que autores da Antiguidade escreveram sobre eles oferece a possibilidade de abrir uma fresta na janela do passado, para entrever como viviam os primitivos romanos. 
É o que acontece, por exemplo, em relação ao direito de asilo em templos, uma instituição que, atravessando os séculos, existiu, com alguns limites, até nos dias do Império. Ora, de acordo com Plutarco, o asilo foi instituído por ninguém menos que os famosos irmãos Rômulo e Remo, que teriam alegado, para isso, uma revelação vinda do deus Apolo (¹):
"Depois que principiaram a fundação da cidade [de Roma], [Rômulo e Remo] marcaram certo lugar dentro dos muros que serviam de limites à povoação, a fim de que fosse considerado inviolável e sagrado, e deram a esse lugar o nome de Asylum (²). Era tão religiosamente respeitado que todos os que ali se acolhiam estavam seguros, como lugar sagrado que era, sem que ninguém pudesse tocar-lhes, mesmo que houvessem cometido grandes crimes. Portanto, sob essa proteção estavam em liberdade: um escravo não podia ser retirado dali por seu senhor, o devedor estava protegido do credor e o homicida estava fora do alcance do magistrado. [...]" (³)
Desse modo, leitores, tendo se originado com os gêmeos ou não, o direito de asilo foi uma instituição real em Roma, e, quando o cristianismo se tornou a religião dominante, suplantando as divindades tradicionais e seus templos, esse direito, até certo ponto, foi conservado nas igrejas cristãs, quer porque se reconhecia ser útil para impedir algumas arbitrariedades, quer pela força da tradição. 

(1) Febo, entre os romanos
(2) Refúgio.
(3) PLUTARCO. Vitae parallelae. O trecho citado foi traduzido por Marta Iansen para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.


Veja também: 

2 comentários:

  1. Hoje aprendi por aqui algo, o que é muito gratificante. Obrigado, Marta.

    Uma boa semana :)

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