Que lhes parece, leitores: é mais fácil escrever sobre fatos recentes ou remotos? Não duvido que haja quem prefira escrever sobre o que há de mais longínquo no tempo porque, se cometer um erro, é pouco provável que apareça algum sobrevivente para contestar...
Plutarco (¹), autor de Vitae parallelae, via problemas em tratar daquilo que ocorrera há muito tempo, porque, segundo ele, os testemunhos escritos estavam entremeados de "narrativas fabulosas e acontecimentos trágicos [...] nos quais não se pode crer como verdade" (²). Julgo que tinha razão, embora devamos sempre perguntar, quando olhamos para os antigos mitos, qual terá sido o acontecimento real que induziu tal relato.
Contudo, se considerarmos os escritos do próprio Plutarco, veremos que suas biografias contêm, aqui e ali, uma porção de acontecimentos fabulosos, pelo menos segundo nossos critérios, além de conceitos anacrônicos, Afirma, por exemplo, que Teseu (o herói grego que teria matado o Minotauro), foi também responsável por mandar cunhar uma nova moeda em Atenas. Ora, admitindo que Teseu tenha existido, ainda que sem realizar todas as estripulias a ele atribuídas, não poderia ter ordenado nenhuma cunhagem de moeda, porque, na época em que supostamente viveu, essa técnica não era conhecida dos gregos.
É claro que Plutarco, nascido no Século I, nada sabia sobre modernas técnicas de investigação histórica e arqueológica, e dependia, em grande parte, dos documentos antigos que lia e comparava, mas cuja veracidade era difícil de comprovar. Fez, portanto, a seu modo, um bom trabalho. O nosso, hoje, seria mais complicado sem o dele.
(1) c. 45 - 125 d.C.
(2) PLUTARCO. Vitae parallelae. O trecho citado foi traduzido por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
Veja também:
Ainda bem que houve Plutarcos, ainda bem que há Martas. Nós, os que gostamos de saber de onde viemos, agradecemos.
ResponderExcluirUm bom final de semana, Marta :)
Hahaha... Tenha uma ótima semana!
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