Quem se lembra de D. José I? Nascido em 1714, foi rei de Portugal de 1750 até sua morte em 1777. Ocupava o trono, portanto, quando, em 1755, aconteceu o terrível terremoto que fez tremer as terras lusitanas (¹). Contudo, D. José talvez seja mais famoso por ter colocado Portugal no círculo do despotismo esclarecido, ao nomear Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, como seu primeiro-ministro. O Iluminismo estava a fazer adeptos, ainda que com variadas nuances, nos meios políticos e intelectuais europeus.
Enquanto isso, no Brasil uma árvore começava a chamar a atenção dos aventureiros que, explorando o sertão à procura de metais preciosos, acabavam encontrando prodígios vegetais que, no futuro, seriam reputados tão interessantes quanto ouro ou prata. Era o caso, por exemplo, da Hevea brasiliensis, que produzia uma goma elástica que os índios já conheciam e utilizavam: a borracha. É verdade que os dias da febril extração da borracha na Amazônia ainda estavam distantes, mas objetos desse material se destacavam porque eram leves, flexíveis e, principalmente, impermeáveis.
Enquanto isso, no Brasil uma árvore começava a chamar a atenção dos aventureiros que, explorando o sertão à procura de metais preciosos, acabavam encontrando prodígios vegetais que, no futuro, seriam reputados tão interessantes quanto ouro ou prata. Era o caso, por exemplo, da Hevea brasiliensis, que produzia uma goma elástica que os índios já conheciam e utilizavam: a borracha. É verdade que os dias da febril extração da borracha na Amazônia ainda estavam distantes, mas objetos desse material se destacavam porque eram leves, flexíveis e, principalmente, impermeáveis.
Não demorou e alguém teve a ideia de impermeabilizar calçados usando borracha. Deu certo, a notícia da existência de um material com essas características atravessou o Atlântico e, de acordo com Francisco Bernardino de Sousa (²), D. José I julgou que seria uma grande ideia se suas botas fossem revestidas com borracha: "Conhecido no Pará o uso desse calçado, tornou-se geral e não tardou a passar a Portugal, onde em 1755 já estava tão generalizado que o rei D. José também quis ter botas cobertas de goma elástica e para esse fim remeteu o governo uns poucos de pares para a cidade do Pará (³), a fim de serem convenientemente preparados." (⁴)
A borracha, porém, servia para muito mais que impermeabilizar calçados. A partir do Século XIX seu uso ganhou proporções revolucionárias e fez a riqueza de alguns nomes ligados à grande indústria internacional. No Brasil, como se sabe, a prosperidade que gerou na região amazônica durou pouco. Dela ficaram apenas lembranças e algumas construções que atestam a existência desse brevíssimo tempo de glória.
A borracha, porém, servia para muito mais que impermeabilizar calçados. A partir do Século XIX seu uso ganhou proporções revolucionárias e fez a riqueza de alguns nomes ligados à grande indústria internacional. No Brasil, como se sabe, a prosperidade que gerou na região amazônica durou pouco. Dela ficaram apenas lembranças e algumas construções que atestam a existência desse brevíssimo tempo de glória.
(1) Não só elas: o terremoto foi sentido em uma área bem maior.
(2) O cônego Francisco Bernardino de Sousa foi encarregado dos trabalhos etnográficos da Comissão do Madeira.
(3) Belém do Pará.
(4) SOUSA, Francisco Bernardino de. Pará e Amazonas, Segunda Parte. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1875, p. 22.
Veja também:
D. José, borracha, Amazónia, Brasil: eis alguns ingredientes mais que suficientes para para estimular múltiplas pesquisas, sem fim à vista. Dos historiadores nem se fala, pois há por aqui pano para muitas mangas (livros).
ResponderExcluirMuito grato, Marta.
Tenha um bom domingo :)
Não há mesmo limite, nem para as pesquisas, nem para a imaginação :-))))))))))))
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