terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Chapéus, guarda-chuvas e barbatanas para coletes

Um comerciante estabelecido em São Paulo fez publicar este anúncio no jornal Aurora Paulistana em junho de 1852 (para não enlouquecer os leitores, vai aqui transcrito na ortografia atual):
"MARMOTANT VICTOR [...] Tem a honra de participar ao respeitável público desta cidade, como aos de fora, que ele acaba de receber um grande sortimento de chapéus de palha de Itália, de homens e de meninos, enfeitados, assim como chapéus de pelo franceses. O mesmo costuma ter sempre um grande sortimento de guarda-chuvas de seda, de 5$ até 14$000; tem também de senhora de 3#000 até 10$000; conserta com brevidade todas as qualidades de chapéus por preço muito razoável; também tem barbatana para coletes de senhora." (¹)
Chapéu, meus leitores, era acessório indispensável para homens e meninos, e, com menos discrição, também para mulheres, principalmente em ocasiões de maior cerimônia. Já os guarda-chuvas não eram só para chuva: entravam em uso sempre que o sol forte se tornava inconveniente. Pode chamar a atenção o fato de que eram feitos de seda, mas isso é facilmente explicável porque a maioria dos materiais hoje usados era ainda inexistente.
Surge, no entanto, a pergunta: para que as barbatanas? Lembrem-se, leitores, dos infames espartilhos, que, a pretexto de elegância e perfeita silhueta, torturavam as mulheres e despovoavam os mares. É que as ditas barbatanas vinham, como regra, de alguma baleia, que fora arpoada, sangrada, assassinada, carneada e desossada. A vaidade tinha sua parcela de culpa nesse péssimo negócio.

Dama usando espartilho (²)

(1) AURORA PAULISTANA, Ano I, nº 54, 22 de junho de 1852.
(2) BARRY, William. The Corset and the Crinoline. London: Ward, Lock, and Tyler, 1868, pp. 197 e 200. As imagens foram editadas para facilitar a visualização neste blog.


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2 comentários:

  1. Que a elegância feminina de outrora era barbatana, seja lá o que isso for, já eu suspeitava. Pena que, para isso, a dama tivesse que ter uma disciplina espartana.
    Longe vão os tempos, amaciam as virtudes. :)

    Uma boa semana, Marta :)

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    1. Hahaha, espere para ver. Sem barbatanas de baleia, é claro, parece que a moda está de volta. Será que vai fazer adeptas? Não sei.

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