A ilha de Creta é famosa devido à lenda do Minotauro, uma dentre as muitas histórias cabeludas da Antiguidade. Minos, rei de Creta, pediu a Poseidon, divindade do oceano, um sinal da aprovação dos deuses ao seu reinado. Foi atendido, ao surgir do mar um esplêndido touro branco, que Minos deveria sacrificar. Mas, como sabem os leitores, os cretenses tinham especial apreço por touros (¹), de modo que Minos resolveu conservar o animal para si.
Algum tempo depois a rainha trouxe ao mundo um estranho bebê, com corpo humano e cabeça de touro, ou seja, o Minotauro. Era a vingança de Poseidon, por ter sido enganado por Minos (²).
Tendo chegado à idade adulta, o monstro somente se alimentava de carne humana e, mais especificamente, de jovens de Atenas, que deviam ser enviados periodicamente, porque sua cidade fora derrotada por Minos. Trancafiado no labirinto projetado por Dédalo, o minotauro foi finalmente morto por Teseu, herói ateniense, com a ajuda de Ariadne, a bela princesa de Creta.
Algum tempo depois a rainha trouxe ao mundo um estranho bebê, com corpo humano e cabeça de touro, ou seja, o Minotauro. Era a vingança de Poseidon, por ter sido enganado por Minos (²).
Tendo chegado à idade adulta, o monstro somente se alimentava de carne humana e, mais especificamente, de jovens de Atenas, que deviam ser enviados periodicamente, porque sua cidade fora derrotada por Minos. Trancafiado no labirinto projetado por Dédalo, o minotauro foi finalmente morto por Teseu, herói ateniense, com a ajuda de Ariadne, a bela princesa de Creta.
É fato que lendas (ou crenças religiosas) desse calibre pululavam no mundo mediterrânico, mas é também fato que, entre os gregos, os cretenses não tinham boa fama, e não era (só) por causa do Minotauro que teria devorado moças e rapazes atenienses. Nem mesmo a crença de que Zeus Olímpico, filho de Cronos, fora levado por Gaia, sua avó, para ser criado em Creta (³), salvava a reputação dos habitantes da ilha. Políbio de Megalópolis (⁴) faz duas referências que dão uma boa ideia do conceito que se fazia, então, do povo de Creta. Diz na primeira: "Bólis, que era cretense, e, portanto, falso por natureza...", e, na segunda: "Sendo cretense e, por isso, dado a suspeitar mal..."
Nos dias de Políbio um escritor não tinha nenhuma obrigação de ser politicamente correto. Podia ser tão mordaz quanto quisesse. Os bons modos de nosso tempo, no entanto, apenas disfarçam os verdadeiros sentimentos, e os leitores bem sabem como são as rivalidades nacionais: nós somos perfeitos, enquanto aos outros atribuímos todos os defeitos, principalmente aqueles que mais detestamos em nós mesmos. Quem discorda?
(1) Conjectura-se que, entre os cretenses, devia haver algum tipo de competição esportiva envolvendo touros, frequentemente retratados como decoração em objetos de cerâmica, sem descartar a ideia da crença em uma divindade antropozoomórfica, com as características do Minotauro.
(2) Uma versão mais tenebrosa dessa história conta que a rainha, apaixonada pelo touro branco, acabou tendo dele um filho com corpo humano e cabeça de touro...
(3) De acordo com a Teogonia de Hesíodo.
(4) As citações da História de Políbio são tradução de Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
(2) Uma versão mais tenebrosa dessa história conta que a rainha, apaixonada pelo touro branco, acabou tendo dele um filho com corpo humano e cabeça de touro...
(3) De acordo com a Teogonia de Hesíodo.
(4) As citações da História de Políbio são tradução de Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
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