quinta-feira, 19 de julho de 2018

Origem mitológica do nome de alguns lugares da Grécia Antiga

Os antigos gregos atribuíram nomes a muitos lugares com base em episódios de sua mitologia. Que tal, leitores, se considerarmos alguns exemplos?

Como surgiu a ilha de Delos

Leto, perseguida por Hera, a (justificadamente) ciumenta incorrigível, procurava, em desespero, um lugar onde trazer ao mundo os gêmeos Ártemis e Apolo (filhos de Zeus...). Poseidon, deus dos mares, veio ajudá-la, fazendo surgir uma ilha no mar Egeu: era a ilha de Delos.

De onde vem o nome do mar Egeu

Egeu era rei em Atenas, ao tempo em que essa cidade, derrotada em batalha contra Creta, fora obrigada a aceitar o terrível castigo de, periodicamente, enviar a Cnossos sete rapazes e sete moças, cujo destino era servir de alimento ao Minotauro. Em uma dessas ocasiões, Teseu, filho do rei Egeu, se apresentou entre os jovens, combinando com o pai que, se vencesse o Minotauro, voltaria para casa com velas brancas na embarcação; se fosse morto, os marinheiros atenienses conservariam as velas negras. Em Creta, depois de obter a ajuda da filha de Minos, Teseu matou o Minotauro, mas, ao voltar à sua cidade, a alegria da vitória levou-o ao esquecimento de usar as velas brancas. Egeu, que observava, angustiado, dia após dia, à espera de notícias, vendo o navio e suas velas escuras, mergulhou no mar, que, em sua homenagem, foi chamado mar Egeu.

Dédalo e Ícaro, ou a origem do nome do mar Icário

Dédalo havia projetado o labirinto, residência-prisão do Minotauro. Ocorre que o próprio Dédalo, depois de desentender-se com Minos, acabou, juntamente com o filho Ícaro, aprisionado no labirinto que construíra. Genialidade em ação, Dédalo projeta asas, com as quais ele e o filho voam para a liberdade. Todavia, Ícaro, deslumbrado pela beleza da luz e do mar, voa em direção ao sol, cujo calor derrete a cera usada na confecção das asas. O jovem cai no mar e morre. Ao lugar em que os antigos gregos acreditavam que Ícaro caíra foi dado o nome de mar Icário.

Penso, meus leitores, que estamos prontos, agora, para algumas considerações. É preciso lembrar que a Grécia da Antiguidade tinha um território muito maior do que aquele que hoje corresponde à República Helênica: abarcava, também, a chamada Ásia Menor e colônias da Magna Grécia, algumas delas estabelecidas mesmo em território das atuais Itália e França. Assim, sempre que uma colônia era fundada, existia oportunidade para homenagear personagens da mitologia.
Havia, contudo, algo mais. Aquilo a que chamamos mitologia, para os antigos gregos era religião. É perfeitamente possível que, atrás de certas narrativas da mitologia, houvesse algum acontecimento real, porém interpretado e reinterpretado à luz das crenças populares vigentes. Nos camarins das realizações humanas estariam sempre os deuses do Olimpo, de contínuo ocupados em intrigas, quer favorecendo seus protegidos, quer prejudicando os desafetos. Em poucas palavras, o destino dos homens era manipulado pelos deuses. Tendo em vista tal cenário, os mitos ganham sentido. Dédalo, por exemplo, ainda que genial, vê o filho, enlouquecido pela liberdade do voo, desafiando o sol e caindo para morrer no mar. Para os gregos, o sol era Apolo. O preço por confrontar os deuses era alto demais. 


2 comentários:

  1. Gosto muito da mitologia grega e da forma como mistura deuses e homens, grandes feitos e sentimentos mesquinhos, factos históricos com fantasia. Hoje já não temos grandes oportunidades de baptizar novas terras, infelizmente, só se for noutros planetas.

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    1. E não é o que acontece desde o início da corrida espacial? É interessante notar que a mitologia greco-romana continua a ser usada, algumas vezes, nos topônimos galácticos rsrsrssss...

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