Assim como acontecia nas missões estabelecidas na América Portuguesa, a catequese de indígenas em áreas de presença espanhola foi bastante facilitada mediante o emprego da música. Havendo nas reduções algum religioso hábil no ensino da arte do canto, não tardava a haver um coro de meninos, capaz de participar dos ofícios religiosos. Em alguns casos, pela presença de um padre com conhecimentos de luteria, foi possível ensinar aos indígenas a construção de instrumentos musicais, cuja sonoridade enriquecia as festas destinadas a quebrar a rotina usualmente imposta aos ameríndios que concordavam em viver sob a tutela da Companhia de Jesus em uma redução.
Além disso, o emprego de música na catequese oferecia a vantagem de funcionar como propaganda para atrair indígenas que hesitavam em abandonar seu estilo de vida tradicional - foi o que disse o padre Antonio Ruiz de Montoya (¹) no Século XVII:
"[Os índios] são muito aficionados à música, que os padres ensinam aos filhos dos caciques, assim como a ler e escrever; oficiam as missas com aparato de música de dois ou três coros; esmeram-se em tocar instrumentos [...], que são uma grande ajuda em fazer brotar nos gentios o desejo de admitir-nos em suas terras, para que seus filhos também sejam ensinados." (²)
(1) Nascido em Lima, filho de um espanhol, foi admitido na Companhia de Jesus em 1606. Dedicou a vida à catequese e defesa dos ameríndios contra a escravização imposta pelos chamados "conquistadores" da América.
(2) MONTOYA, Antonio Ruiz de S.J. Conquista Espiritual Hecha por los Religiosos de la Compañia de Jesus. Madrid: Imprenta del Reyno, 1639. O trecho citado foi traduzido por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
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