Já tentou cultivar rabanetes, leitor? É coisa simples. Colocam-se as sementes em um canteiro com terra de boa qualidade e, depois disso, contam-se os dias: um, dois, três... As sementes começam a brotar e, dentro de mais ou menos três semanas (depende um pouco do lugar), você terá rabanetes frescos para suas saladas, com o orgulho de poder afirmar: fui eu mesmo/mesma que plantei!
Se você quiser ver rabanetes brotando, mas não tiver espaço suficiente para um canteiro, talvez possa gostar de um experimento bem simples, que já foi muito comum nas escolas, para o qual precisará apenas de um copo de vidro transparente, de uma toalha de papel, de uma pinça e de algumas sementes de rabanete. O procedimento é este: molhe a toalha de papel (sem encharcar) e, com ela, forre cuidadosamente a parede interna do copo. Depois, com auxílio da pinça, espalhe as sementes entre o copo e a toalha de papel. Cuide para que o papel seja mantido úmido e, depois de poucos dias, você verá as sementes brotando. Não terá rabanetes para salada, é claro, mas, se tiver gente pequena e curiosa em casa, os brotos serão material interessante para ser observado ao microscópio, desde que haja paciência suficiente para preparar corretamente as lâminas.
Mas por que, afinal, sendo este um blog de História, estamos falando de horticultura?
Rabanetes são apreciados desde a Antiguidade. Eram parte importante da alimentação dos egípcios que trabalhavam na construção de pirâmides. Horticultores medievais, sempre que o clima permitia, adotavam seu cultivo. Sabe-se, também, que, na Grécia Antiga, a região de Mantineia era afamada pela produção de excelentes rabanetes. Isto quer dizer que quando alguém ia à praça do mercado em uma cidade grega, teria a possibilidade de encontrar alguns, que poderia adquirir, juntamente com outros vegetais.
Acontece que, uma vez ou outra, tendo começado alguma discussão no mercado, o tom subia até virar tumulto, e a multidão, já nem sabendo qual a causa da discórdia, entrava na briga. Consta que, nessas circunstâncias, não era incomum que alguns lançassem mão de pequenos projéteis vegetais para atacar os oponentes (nesse tempo não havia balas de borracha), e lá ia a democracia pelos ares... Sim, era para isso que (também) serviam os rabanetes!
Se alguém acha que uma batalha campal dessa natureza não poderia resultar em grande dano, é porque está pensando em rabanetes como tenras esferas de uns dois centímetros de diâmetro, no máximo. Mas podia ser pior. Vejam a foto abaixo, que mostra um autêntico Raphanus sativus de quinhentos e onze gramas e nove centímetros e meio de diâmetro. Com semelhantes propriedades e fazendo dela uma espécie de granada de mão da Antiguidade, tal hortaliça, habilmente arremessada, poderia derrubar um êmulo de Golias.
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