quarta-feira, 17 de julho de 2024

Introdução da varíola entre os astecas e outros povos indígenas

A varíola não era conhecida na América antes da chegada de europeus. Foi assim, segundo Bernal Díaz del Castillo (¹), que a doença se introduziu entre indígenas, ao tempo em que Montezuma, imperador Asteca, caíra prisioneiro de espanhóis, e que Hernán Cortés se vira obrigado a combater os homens de Pánfilo de Narváez, que vinha contra ele:
"[...] Voltemos agora ao Narváez e a um negro que trazia cheio de varíolas, [..] que foi causa que toda a terra se enchesse delas, de que se seguiu grande mortandade, porque, conforme diziam os índios, nunca antes tinham tido tal enfermidade, e como não a conheciam, lavavam-se muitas vezes, e [...] morreram muitos deles." (²) 
Bernal Díaz também relatou que a varíola foi responsável pela morte de muitos chefes indígenas:
"[...] como naquele tempo a varíola andou tão comum na Nova Espanha, morreram muitos caciques [...]" (³).
Sem qualquer imunidade contra a terrível doença, os indígenas morriam depois de muito sofrimento. Vê-se, portanto, que não só de cavalos, armas de fogo e soldados se fez a chamada "conquista" do Império Asteca e de outros povos da mesma região. A introdução, intencional ou não, de novas doenças, foi muito importante para debilitar a resistência dos povos nativos em sua tentativa de conter os invasores espanhóis. 

(1) Soldado a serviço de Hernán Cortés, o autoproclamado conquistador do México. 
(2) CASTILLO, Bernal Díaz del. Verdadera Historia de los Sucesos de la Conquista de la Nueva España. Os trechos citados foram traduzidos por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
(3) Ibid.   


Veja também:

2 comentários:

  1. Muito interessante como diversos seres não humanos se aproveitaram no passado desses contatos entre diferentes grupos humanos, em parceria ou conflito, para se disseminar. Enquanto a varíola chegou nas Américas, a tungíase saiu daqui para a Europa e outros continentes.

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    1. Sim, coisas da globalização, para bem e/ou para mal, meu amigo, em seus primórdios ou em nossos dias, como bem sabemos. Bom vê-lo por aqui, um forte abraço!

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