segunda-feira, 1 de julho de 2024

Tempo para os deveres religiosos dos missionários que iam ao sertão

Relógios de pulso são coisa relativamente recente na história da humanidade. Mesmo relógios com ponteiros para minutos não contam mais que alguns séculos. Por muito tempo, já era moderno o bastante, na torre de uma igreja ou na sede da administração municipal, ter um relógio capaz de marcar as horas. Afinal, a urgência na contagem do tempo é coisa que caminha ao lado do desenvolvimento tecnológico e, por consequência, da aceleração no ritmo das atividades humanas.
No Brasil, missionários jesuítas adaptavam sua rotina às necessidades da catequese de indígenas, embora os que viviam nos colégios conservassem a rotina prevista na regra da Ordem. Precisavam, contudo, ter algum tipo de relógio quando, indo ao sertão em suas missões, ainda assim cumpriam seus deveres religiosos. Por informação do padre André de Barros, sabemos qual o procedimento adotado pelo também jesuíta padre Antônio Vieira (¹), nas ocasiões em que ele e outros missionários estavam longe dos respectivos colégios:
"Ainda nas missões, ou caminhando, ou navegando só com os índios, aos tempos determinados para a oração e exames, tocava ele [Antônio Vieira] a campainha, que sempre levava, e relógio de areia para medir o tempo; e como se estivesse nos colégios, observava a obediência e regularidade deles." (²)
Um relógio de areia não seria muito útil para nós, hoje, a não ser como decoração. Mas bastava para os padrões do Século XVII, e dificilmente deixaria de funcionar, daí porque ainda era o preferido de muita gente.  

(1) 1608 - 1697. 
(2) BARROS, André de, S. J. Vida do Apostólico Padre Antônio Vieira. Lisboa: Officina Sylviana, 1746, p. 592.


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