A segurança no transporte de ouro e diamantes que pertenciam à Coroa, desde as minas até o Rio de Janeiro, devia, necessariamente, ser reforçada. Mas o que significaria isso no tempo em que as estradas eram pouco melhores que trilhos, cercadas por vastidões de mato e árvores, onde era muito fácil que gente de más intenções se escondesse, sabendo que a força militar que fazia a escolta nem sempre era tão numerosa e equipada como a situação requeria?
Há um relato interessante do barão de Eschwege que explica muito bem como era a comitiva que escoltava os diamantes tão desejados pela Coroa.
"A produção anual é encerrada em uma bela caixa forrada de marroquim vermelho, preso por tachas amarelas. É nessa caixa que os diamantes são enviados para o Tesouro do Rio de Janeiro, acompanhados durante toda a viagem por um empregado escolhido pelo Intendente, que lhe dá por escolta forte destacamento do corpo de cavalaria e dos pedestres.Eschwege deve ter examinado o assunto com os próprios olhos porque veio ao Brasil por solicitação do governo joanino (³), e permaneceu até o início de 1821, tempo suficiente, portanto, para verificar o que acontecia. Talvez tenha achado graça na pompa dessa tensa remessa anual, quando, mais importante que qualquer outra coisa, seria zelar pela segurança do que se transportava. O contrabando de diamantes, contudo, geralmente ocorria por outras rotas. Era do local de extração que as pedras extraviadas sumiam, para que Sua Majestade jamais pusesse nelas as suas reais mãos.
A caixa dos diamantes vai dentro de uma canastra, que o comissário leva consigo. Alguns cavalarianos partem à frente, a uma certa distância, seguidos logo depois por alguns pedestres, que conduzem a mula, coberta de uma manta onde se veem as armas reais. Logo atrás seguem outros pedestres, precedendo imediatamente o comissário, que nunca perde de vista o cargueiro e é seguido por novos cavalarianos, que fecham a marcha." (²)
(1) Cf. RUGENDAS, Moritz. Voyage Pittoresque dans le Brésil. Paris: Engelmann, 1827. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
(2) ESCHWEGE, Wilhelm Ludwig von. Pluto Brasiliensis, trad. Domício de Figueiredo Murta. Brasília: Senado Federal, 2011, p. 497.
(2) ESCHWEGE, Wilhelm Ludwig von. Pluto Brasiliensis, trad. Domício de Figueiredo Murta. Brasília: Senado Federal, 2011, p. 497.
(3) Wilhelm Ludwig von Eschwege (1777 - 1855) era especialista em minas. A ideia de D. João era que estudasse o que podia ser feito para reativar a produção aurífera no Brasil, que, nesse tempo, estava em notável declínio.
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