sexta-feira, 26 de julho de 2024

Horário de refeições e descanso adotado por jesuítas no Brasil Colonial

Ordens religiosas sempre foram muito estritas no cumprimento dos horários prescritos nas respectivas regras. Sim, mas no Brasil Colonial talvez houvesse necessidade de adaptações. Sabe-se, por exemplo, que a catequese de indígenas praticada por jesuítas seguia uma rotina, não dos padres, mas dos ameríndios. Até mesmo os religiosos que viviam nos colégios jesuítas estabelecidos em terras portuguesas na América tinham uma rotina adaptada às condições locais, conforme se lê na Informação da Província do Brasil, escrita em 1585, presumivelmente por José de Anchieta, depois da observação um tanto curiosa de que o Brasil era "terra desleixada e remissa e algo melancólica" (¹):
"No verão se levantam os nossos às quatro e se deitam aos três quartos para as nove, e no inverno levantam-se às cinco e deitam-se aos três quartos para as dez. Comem o jantar no verão às dez e ceia às seis; e no inverno jantam às onze e ceiam às sete da noite." (²)
Recomendo aos leitores uma comparação com os hábitos dos brasileiros quanto ao horário das refeições, a partir da leitura de uma postagem já existente neste blog, "Horário das refeições no Império Romano e no Brasil Colonial". Não se deve esquecer, contudo, que nas reduções jesuíticas estabelecidas em outras áreas da América do Sul a rotina diária e semanal era, quanto ao trabalho e às práticas religiosas, estritamente observada, e, a quem se interessar pelo assunto, recomendo outra postagem, "A rotina de catequese e trabalho em reduções jesuíticas na América do Sul".

(1)  ANCHIETA, Pe. Joseph de S.J. Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e Sermões. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1933, p. 425.
(2) Ibid.


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