Não se trata aqui, leitores, de instrumentos cortantes, e sim de uma avezinha muito simpática (Tyrannus savana), que o brigadeiro Cunha Matos avistou ao viajar pelo interior do Brasil pouco depois da Independência, na região do Rio Tesouras em Goiás:
"[...] Ao lado esquerdo nasce um córrego, que encostado a um cordão de morros vai entrar no rio de Tesouras. Os caminhos desta marcha são extremamente pedregosos, e tudo deserto. [...]" (¹).Foi então que passou a falar do pássaro que o encantou:
"[...] A geração humana parece estar morta por estes lugares, mas a ornitologia oferece uma raridade bem digna da meditação do naturalista. Neste deserto (²) há um pequenino pássaro preto [...], a cauda é forcada, e as penas compridas cruzam-se em forma de tesouras, e por este nome é conhecido. O passarinho quando bate as asas dá estalos com a cauda. [...] Esta pequena ave deu o nome ao rio e extinto arraial de Tesouras." (³)Felizmente a ave não é tão rara quanto Cunha Matos deve ter suposto. E, para leitores que não a conhecem, vão aqui duas fotos, que fiz há algum tempo.
(1) MATOS, Raimundo José da Cunha. Itinerário do Rio de Janeiro ao Pará e Maranhão Pelas Províncias de Minas Gerais e Goiás. Rio de Janeiro: Typ. Imperial e Constitucional, 1836, p. 178.
(2) Cunha Matos falava em "deserto" com o sentido de lugar pouco habitado, não de uma região árida.
(3) MATOS, Raimundo José da Cunha. Op. cit., p. 178.
(3) MATOS, Raimundo José da Cunha. Op. cit., p. 178.
Veja também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Democraticamente, comentários e debates construtivos serão bem-recebidos. Participe!
Devido à natureza dos assuntos tratados neste blog, todos os comentários passarão, necessariamente, por moderação, antes que sejam publicados. Comentários de caráter preconceituoso, racista, sexista, etc. não serão aceitos. Entretanto, a discussão inteligente de ideias será sempre estimulada.