quarta-feira, 26 de junho de 2024

Estradas entre fazendas no Século XIX

Parte do povoamento no Brasil ocorreu através do estabelecimento de fazendas no interior. A fim de que aquilo que nelas era produzido pudesse chegar ao porto mais próximo, para venda entre províncias do Império ou para exportação, era preciso que houvesse estradas. Mas que estradas eram essas?
Como regra, não havia intervenção governamental para o estabelecimento de boas estradas, nas quais as tropas de muares e carros de bois pudessem circular em segurança. As poucas estradas existentes eram muito ruins, e foi apenas mais tarde, ao longo do processo de implantação de ferrovias, que se verificou uma intermediação do Estado como garantia para as empresas que se propunham a instalar os "caminhos de ferro", como se dizia, e torná-los operantes.
Mas voltemos às estradas. Segundo relato do príncipe Adalberto da Prússia, que esteve no Brasil em 1842, competia aos particulares que estabeleciam fazendas a obrigação de criar algum tipo de estrada ligando a nova propriedade agrícola às já existentes:
"[...] As estradas no Brasil na sua maioria originam-se do fato de que aquele que instala uma nova fazenda deve ligá-la por uma vereda (picada) a seu vizinho, e da cadeia destas veredas de ligação nascem por fim as estradas, que não são realmente mais do que estreitas veredas, muito embora tenham o pomposo nome de "estradas" e até de "estrada real", em oposição à "picada". [...]" (*) 
Ao olhar crítico do estrangeiro recém-chegado ao Brasil esse sistema devia parecer um tanto caótico - e era mesmo. Foi somente com o advento de veículos automotores e a consequente necessidade de implantação de "estradas de verdade" que esse cenário começou a mudar. 

(*) ADALBERTO, Príncipe da Prússia. Brasil: Amazonas - Xingu, trad. Eduardo de Lima e Castro. Brasília: Senado Federal, 2002, p. 105.


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