segunda-feira, 3 de junho de 2024

Escravos deviam falar português

Para o estrangeiro que chegava ao Brasil no Século XIX, era fácil perceber certos fatos que, para a população local, talvez passassem despercebidos. Proprietários de escravos impunham à sua "propriedade" o uso do português. Por quê?
Adalberto, príncipe da Prússia que chegou ao Brasil em 1842 - portanto, quando o imperador D. Pedro II era ainda um adolescente, mas já coroado - observou:
"[...] É mesmo proibido aos escravos pelos senhores falarem entre si outra língua que não a portuguesa; em parte para aprenderem mais depressa a língua do país e em parte também para que não possam empregar qualquer língua secreta na sua presença. [...]" (*) 
Era um modo de obrigar o escravo a assumir a cultura local, abandonando os costumes de sua terra de origem, principalmente se, em uma determinada propriedade, havia muitos cativos com procedência e cultura semelhantes. Mas era, também, um modo de controle, para evitar que, sob o uso de um idioma desconhecido, uma rebelião fosse tramada. Senhores exploravam os escravizados. Mas tinham medo. 

(*) ADALBERTO, Príncipe da Prússia. Brasil: Amazonas - Xingu, trad. Eduardo de Lima e Castro. Brasília: Senado Federal, 2002, p. 67.


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