Rótulas e gelosias foram usuais em casas do Brasil Colonial. Para que serviam? Na expressão de Joaquim Manuel de Macedo, "[...] rótulas e gelosias não eram cadeias confessas, positivas; mas eram pelo aspecto e pelo seu destino grandes gaiolas, onde os pais e maridos zelavam sonegadas à sociedade as filhas e as esposas" (¹).
Desde o Século XVIII, autoridades vinham se implicando com as rótulas e gelosias e tramando contra elas. No Século XIX, foram proibidas no Rio de Janeiro. São palavras também de Macedo:
Desde o Século XVIII, autoridades vinham se implicando com as rótulas e gelosias e tramando contra elas. No Século XIX, foram proibidas no Rio de Janeiro. São palavras também de Macedo:
"[...] logo em 1809 (²) a rua do Ouvidor, como todas as outras da cidade, melhorou muito o aspecto de suas casas, obedecendo ao edital de 11 de junho, mandado afixar pelo intendente-geral da polícia, o conselheiro Paulo Fernandes Viana, ordenando a abolição das rótulas e gelosias dos sobrados." (³)Quem imagina, porém, que foi pronta a obediência, incorre em engano. Voltando ao que escreveu Joaquim Manuel de Macedo, somos informados de que "[...] muitas casas resistiram à reforma decretada pela civilização, somente aos poucos foram despedaçando suas rótulas e gelosias, e ainda hoje se conservam, anacrônicos, mas agora curiosíssimos exemplares daquelas casas antigas, por exemplo, em frente à porta principal da alfândega" (⁴). Conservavam-se, é claro, nos dias de Macedo. É bom que se diga que Memórias da Rua do Ouvidor teve sua primeira publicação em 1878.
(1) MACEDO, Joaquim Manuel de. Memórias da Rua do Ouvidor.
(2) Portanto, já estando a Corte no Rio de Janeiro, desde que a família real chegara ao Brasil em 1808.
(3) MACEDO, Joaquim Manuel de. Op. cit.
(4) Ibid.
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