quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Como foi anunciada a chegada da família real ao Rio de Janeiro em 1808

Embarque do príncipe D. João para o Brasil, de acordo com Giuseppe Gianni (¹)

A família real portuguesa iniciou a incômoda viagem rumo ao Brasil no final de novembro de 1807. No ano seguinte, depois de uma breve estada na Bahia, a Corte móvel deslocou-se para o Rio de Janeiro, onde chegou no dia 8 de março.
De acordo com Joaquim Manuel de Macedo, uma embarcação foi enviada com antecedência, dando aviso para que fossem tomadas as providências indispensáveis: 
"Era vice-rei do Brasil o Conde dos Arcos, quando, a 14 de janeiro de 1808, entrou no porto do Rio de Janeiro o brigue de guerra Voador, trazendo a notícia da próxima chegada da família real portuguesa. O brigue fizera honra ao nome que lhe tinham dado: voara para dar aquela nova ao vice-rei, ainda a tempo de serem por ele tomadas algumas providências." (²)
Era muita gente que chegava, e, como se sabe, as medidas para prover acomodação decente não foram simpáticas à população do Rio de Janeiro (³). Apesar disso, e apesar das críticas (algo humorísticas) que se costuma fazer ao governo joanino, há que se reconhecer que a permanência da família real no Brasil por alguns anos teve aspectos bastante favoráveis, pela ruptura das velhas estruturas coloniais que, se não impediam por completo, ao menos dificultavam bastante o desenvolvimento do país. O Rio ganhou uma efervescência cultural inteiramente nova, cujos resultados se estenderam para além da Independência. A modernização, ainda que modesta, foi importante por dar ao Brasil, que logo seria nação livre, algumas instituições que, de outro modo, talvez demorassem a existir, incluindo os primeiros cursos superiores, biblioteca, teatro, academia militar, entre outras mais. 

(1) O original pertence à BNDigital. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
(2) MACEDO, Joaquim Manuel de. Um Passeio Pela Cidade do Rio de Janeiro. Brasília: Senado Federal, 2005, p. 39.
(3) Os até então felizes proprietários de bons imóveis não devem ter achado graça nenhuma em ter de sair de casa.


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