segunda-feira, 24 de junho de 2024

Em noite de São João

Muito antes que razões ideológicas durante a Era Vargas tentassem fazer delas um evento folclórico nacionalista, as festas juninas tinham muita importância no Brasil. Isso vem desde os dias coloniais, e alguns até têm visto nelas uma espécie de versão brasileira do Dia de Ação de Graças, porque junho é, de fato, em várias regiões, época de colheita e de fartura: milho, batata-doce, abóboras, amendoim e outros artigos sempre estiveram à disposição das doceiras, fossem livres ou escravas, para que os santos do mês fossem celebrados com toda a dignidade. Ou seriam Santo Antônio, São João e São Pedro apenas um pretexto para a comilança?
Mas as festas podiam, às vezes, resultar em tragédia, como neste caso, contado com a formalidade de genealogista por Pedro Taques de Almeida Paes Leme, na Nobiliarchia Paulistana:
"Filipa da Cunha foi senhora da quinta que hoje chamam dos Torres, ao pé da quinta do alferes Aleixo Garcez da Cunha, no caminho que da cidade [de São Paulo] vai para a capela de N. S. da Penha, que passou a ser de D. Maria Ângela Eufrásia da Silva. Casou-se duas vezes: primeiro com Francisco Romeiro; segunda com Antônio Teixeira de Oliveira, que na noite de S. João lhe rebentou um foguete que traspassando-lhe a mão [...], acabou da gangrena a 2 de julho de 1722 [...]." 
Os recursos médicos existentes no Século XVIII eram precários, e um ferimento grave podia, por infecção, resultar em morte. Fica apenas uma curiosidade: teriam tentado tratar o ferimento com fumo e mel, como era o costume colonial quando alguém levava uma flechada?


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