Enquanto o movimento nas ruas se restringia a pedestres e veículos com tração animal, não era muito grande a necessidade de sinalização para disciplinar o trânsito. A entrada em cena dos veículos automotores provocou alterações significativas no que, até então, e com algumas horripilantes exceções, fora um cenário quase bucólico. Guardas de trânsito munidos de apito, placas e, mais tarde, sinalização automática (que deixa de funcionar e até hoje leva os centros urbanos ao caos quando há algum problema na rede elétrica), vieram anexar seus préstimos para diminuir a confusão. Se vocês, leitores, já viram algum filme mostrando as ruas de uma grande cidade por volta da década de vinte do século passado, sabem do que estou falando.
Para a geração que crescera antes da aparição dos automóveis talvez parecesse difícil a ideia de ter de parar nas esquinas, esperando autorização para atravessar uma rua ou avenida. A obediência às regras, agora, não era só para condutores de veículos. Pedestres, de boa ou má vontade, também tiveram que adotar novos hábitos, em proveito da própria segurança. O cartoon abaixo, que apareceu na revista carioca O Malho no ano de 1926, oferece, com humor, uma ideia do desagrado dos que estavam aprendendo a esperar a vez, quando queriam atravessar uma rua:
Diz a legenda:
"- Ora viva, "seu" Praxedes! Há quanto tempo!
- Estive preso.
- Preso?!
- É verdade. Ali na esquina, esperando que o guarda abrisse o sinal." (*)
(*) O MALHO, Ano XXV, nº 1266, 18 de dezembro de 1926, p. 22. O original pertence à BNDigital. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
Veja também:
Ninguém gosta de mudanças, porque será? No entanto, já o grande poeta luso, Luís Vaz de Camões, na época quinhentista, escrevia que "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades". Mas há sempre resistências, é bom de ver.
ResponderExcluirUm bom final de terça-feira :)
Não sei se, neste caso, concordo integralmente com Camões. Vejo certa permanência na humanidade, enquanto mudanças ocorrem apenas na superfície. Ou não?
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