domingo, 29 de janeiro de 2012

A transição dos meios de transporte com tração animal para os automóveis

Caminhão Chevrolet 1927 (¹)

A transição dos transportes movidos pela força de animais (carroças, troles, carruagens, bondes, etc) para os automóveis  fez-se, como só poderia ter sido, lentamente. Durante muito tempo a convivência foi inevitável, e ainda hoje, em alguns lugares, pode-se ouvir, eventualmente, um som de patas de cavalo no asfalto. E, embora não pareça agora muito evidente, em princípio a situação foi desfavorável para os automóveis.
Anúncio de automóvel e pneus (²)
Primeiro, se o veículo, que por si só já despertava curiosidade, viesse a apresentar um problema mecânico, era uma verdadeira sensação. E, nessa hora, que fazer? Era pouco provável a existência de um profissional especializado e que pudesse dar solução ao problema, de modo que o ousado condutor precisava, até por segurança, conhecer bem o funcionamento de sua "máquina". Oficinas com gente capacitada foram surgindo, como não poderia deixar de ser, à medida que o número de automóveis justificava o empreendimento.
Bomba de gasolina
dos anos 20 (¹)
Além disso, ruas e estradas - as poucas estradas existentes -  não eram feitas para o tráfego de automóveis. Nas áreas urbanas, era preciso conviver com a multidão de cavalos, burros, mulas e com pedestres (humanos, por suposto), estes últimos completamente desabituados à velocidade dos automóveis que, pelos nossos padrões, seria irrisória, mas não pelos padrões da época. Acrescente-se a isso a quase inexistência de sinalização de trânsito e ter-se-á a fórmula perfeita da confusão.
Finalmente, quem tinha a coragem de meter-se em uma nuvem de pó estrada afora, precisava ter, de sobra, o combustível necessário à viagem, já que eram pouquíssimos os locais de abastecimento. Problemas à parte, no entanto, basta olhar agora para qualquer rua, mesmo nas mais pacatas localidades, e logo se verá quem levou a melhor nesta história.

Anúncio de automóvel Ford (³)

(1) O caminhão Chevrolet 1927 e a bomba de gasolina pertencem ao acervo do Museu Histórico e Geográfico de Monte Sião, MG.
(2) A CIGARRA, 29 de agosto de 1914.
(3) A CIGARRA, 21 de abril de 1915.


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2 comentários:

  1. Achei muito interessante esse artigo, Marta. especialmente por se tratar de uma inovação radical, com roupagem de inovação incremental, tendo em vista que as potências dos motores receberam a denominação de cavalos, ou seja, uma inovação que respeitou a linguagem e os costumes da época. Gostaria de escutar sua percepção sobre esse aspecto dessa inovação.

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    1. Olá, Fátima, boa tarde!
      Acho que usar "cavalos" como unidade de potência vem desde a Revolução Industrial, quando a potência das máquinas a vapor era medida pela quantidade de cavalos que eram capazes de substituir. Tente imaginar, por exemplo, quantos cavalos uma locomotiva das primeiras ferrovias conseguia aposentar... Sorte deles, não é mesmo?

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