Compartilhar este planeta com certas espécies não tem sido exatamente uma aventura agradável para a humanidade, ainda que se reconheça o papel ecológico até de seres incômodos como são as baratas. Quem é que gosta delas? Aquelas longas antenas perscrutando o ambiente para uma investida desafiam a persistência até de maníacos por limpeza.
Guerra declarada contra baratas, portanto, mas não só contra elas. O Echo Phonographico, uma espécie de catálogo de produtos que podiam ser adquiridos pelo correio, trazia, em 1904, estes dois anúncios:
"Pó exterminador: o único infalível para extinguir pulgas, percevejos, mosquitos e outros insetos. Preço 1$000." (¹)"Mata barata: Duas ou três latas acabam completamente com todas as baratas em sua casa. Preço da lata 1$600 réis." (²)
Que ilusão! Extinguir insetos? Talvez nem seja desejável. O mais bizarro, contudo, é este anúncio de uma espingarda de ar comprimido, que apareceu na mesma edição do Echo Phonographico:
"Sólida, atirando bolas de chumbo ou flechas, servindo para matar ratos e outros bichos. Tem boa pontaria.Preço 15$000, com 12 flechas e 200 bolas 20$000. Frete a pagar [....]." (³)
No começo do Século XX a população rural era predominante. Seria desastroso, em um sítio ou fazenda, se ratos tivessem a péssima ideia de infestar o celeiro. Combatê-los com eficiência tinha a maior importância. A solução proposta pelo Echo Phonographico era inusitada, e isso é o mínimo que se pode dizer (⁴). Quem é que pensaria em deter uma praga de ratos com flechadas?
Tentem imaginar, leitores, um fazendeiro furioso, ao perceber indícios da presença de ratos em seu estoque de milho; empunha, portanto, a dita espingarda, carrega uma flecha e um exército de murídeos à sua frente, como a zombar da pontaria, corre em todas as direções. Estranho desporto, esse...
(1) ECHO PHONOGRAPHICO, Ano III, nº 22, janeiro de 1904.
(2) Ibid.
(3) Ibid.
(4) Não é improvável que esse brinquedinho pérfido fosse usado para matar pássaros.
Veja também:
Dei valentes gargalhadas a imaginar um atirador de ratos numa região rural, hahaha. Aqui entre nós, por muitos úteis que sejam alguns insectos, não é fácil conviver com eles. E pensar que as baratas seriam dos poucos seres vivos a sobreviver a um desastre nuclear.
ResponderExcluirQuerida Marta, passei para desejar continuação de Boas Festas e um forte abraço, desses virtuais, que só contagiam os outros com coisas boas.
Obrigada por me acompanhares ao longo deste ano bizarro, e que 2021 seja bem mais simpático.
Beijinhos e até breve
Ruthia d' O Berço do Mundo
Obrigada. Espero que o novo ano seja feito de dias melhores, mais favoráveis às postagens d'O Berço do Mundo, que tanto aprecio.
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