quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Armas dos espanhóis nas mãos de guerreiros astecas

Retirada é uma ação estratégica organizada, quando o confronto aberto parece indesejável ou impossível. Hernán Cortés bem que tentou, mas a saída de seu bando de invasores de Tenochtitlán, após a morte do imperador Montezuma, não foi mais que uma fuga, com um só lema: salve-se quem puder.
Sob o ataque da população local em fúria, espanhóis e indígenas aliados (¹) tentaram escapulir, carregando parte do enorme tesouro que haviam encontrado. Tanto peso, porém, era demais para quem precisava fugir para salvar a vida. Sob chuva, neblina e em terreno difícil, as perdas em homens, cavalos e armas foram terríveis. Para os sobreviventes, essa foi a "noite triste".
Era 1520. Nos meses seguintes, Cortés tratou de reorganizar seu grupo, atraindo mais soldados e obtendo armamento. Os astecas, contudo, não descansavam. Não davam tréguas, enviando grupos de combatentes que não permitiam que europeus e seus aliados pudessem sequer dormir em paz. Além do encontro eventual em templos astecas dos ossos de companheiros que haviam perdido, os invasores logo descobriram que as espadas deixadas em Tenochtitlán não eram desperdiçadas, quando, em algum combate, viam seus oponentes usando "lanças muito longas para matar os cavalos, nelas engastadas as espadas que nos tomaram na noite do desbarate" (²), segundo informou Bernal Díaz del Castillo, um dos soldados que acompanhavam Cortés.   
Pode-se imaginar qual terá sido a reação dos espanhóis quando viram nas lanças astecas um brilho de lâminas de Toledo!... Mas não foi só. Ainda de acordo com Bernal Díaz, os valorosos astecas logo aprenderam a empunhar as espadas com maestria: "Os capitães mexicanos [...] traziam espadas das nossas, fazendo com elas muitas demonstrações de valentia, e diziam que com nossas armas nos haviam de matar [...]" (³).

(1) Principalmente tlaxcaltecas.
(2) CASTILLO, Bernal Díaz del. Verdadera Historia de los Sucesos de la Conquista de la Nueva España. O trecho citado foi traduzido por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
(3) Ibid. 


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