sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Flechas incendiárias

Não, leitores, elas não foram inventadas por Nero - o uso de flechas incendiárias ocorreu entre as mais diversas culturas, e era bem conhecido entre povos da Antiguidade. Heródoto afirma, no Livro VIII de suas Histórias, que os persas, durante as Guerras Médicas, haviam usado flechas incendiárias quando lutavam contra os atenienses que, protegidos pelas muralhas de sua cidade, resistiam corajosamente. Apenas como curiosidade, os persas finalmente tiveram êxito em forçar a entrada, e, conforme o hábito nas guerras antigas, degolaram todos os defensores que se haviam refugiado no templo de Palas Atena. A cidade foi entregue às chamas. Depois de saqueada, é claro.
Flechas comuns eram dirigidas, habitualmente, contra as formações dos exércitos inimigos. Ajudavam a reduzir o número de combatentes, antes que se travasse a luta corpo a corpo. Foi também Heródoto quem afirmou, no livro VII das Histórias, que, na guerra contra os gregos, as chuvas de flechas provenientes do exército persa, comandado por Xerxes, chegavam a encobrir a luz do sol.
Flechas incendiárias, porém, eram usadas com o objetivo de atear fogo às construções que os inimigos procuravam defender. Eram um recurso extremo, quando parecia impossível forçar a entrada de outro modo, pois um incêndio durante uma batalha dificilmente seria contido antes que tudo, ao redor, acabasse em cinzas. Admissíveis, portanto, quando o projeto era aniquilar o adversário, flechas incendiárias não eram uma ideia inteligente quando se pretendia conquistar uma cidade, conservando-a para o vencedor. 
De acordo com Hans Staden, indígenas do Brasil (*) conheciam o uso de flechas incendiárias, que preparavam do seguinte modo: um chumaço de algodão era untado com cera e, em seguida, amarrado à ponta de uma flecha, à qual se ateava fogo. Arqueiros fortes e bem-treinados atiravam contra as casas de seus inimigos, geralmente cobertas por folhas de alguma palmeira, que logo estavam em chamas. Os colonizadores perceberam a eficácia desse procedimento e, tão pronto conseguiam, pela diplomacia ou pela força, arrolar indígenas entre seus comandados, incluíam as flechas incendiárias entre seus recursos bélicos.

(*) Observação válida pelo menos para os tupinambás, com quem Hans Staden, mesmo contra a vontade, teve convivência demorada. Feito por eles prisioneiro, somente a muito custo conseguiu escapar de ser o prato principal de um banquete antropofágico.


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2 comentários:

  1. Vou lançar algumas lá para os lados de Brasília.KKKKK!!!

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    1. Hmmm? Cuidado com a pontaria, estou em Brasília hoje! rsrsrsssssssssssssss

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