segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Moinhos de pedra e seu uso na Antiguidade

Pedra de moinho

Indispensável à sedentarização, o desenvolvimento da agricultura, incluindo o cultivo de cereais, tornou possível a existência daquele que é, apesar de suas inúmeras variantes, o mais universal dos alimentos: o pão.
No entanto, havia nômades que também apreciavam um bom pão. Hábeis na pilhagem, faziam ataques repentinos a comunidades sedentárias logo após a colheita; tão rápido quanto haviam chegado, desapareciam, levando consigo o produto de todo um ano de trabalho alheio, e iam fartar-se em algum lugar seguro - seguro para eles, é claro. A defesa contra esses bandos de rapina foi um fator importante, e até decisivo, para que exércitos permanentes e cidades muradas fossem estabelecidos.
Para fazer pão é necessário algum tipo de farinha, e é aí que entraram em cena os moinhos, constituídos, em sua expressão mais singela, por duas pedras, entre as quais o cereal era triturado. Em seguida, a farinha e o farelo deviam ser separados, fosse pelo método rústico de soprar com auxílio do vento ou, já com certa sofisticação, mediante o emprego de algum tipo de peneira.
Pequenos moinhos manuais, de uso doméstico, eram conhecidos desde tempos remotos; pô-los em funcionamento, na maioria das culturas, era uma tarefa de competência das mulheres. Semelhantes àqueles destinados a triturar cereais, havia, principalmente no mundo mediterrânico, moinhos usados para prensar azeitonas, delas extraindo o precioso azeite.
Mais tarde foram desenvolvidos moinhos de maiores proporções, capazes de triturar grande quantidade de grãos. Eram, portanto, compatíveis com a realidade do crescimento urbano, em que fazer pão deixava de ser uma atividade exclusivamente doméstica e ia para a esfera dos estabelecimentos comerciais, que faziam da panificação uma arte, atendendo às grandes cidades do mundo antigo, como Atenas e Roma.
Esses novos moinhos, também feitos, em sua maioria, de pedra, eram movidos costumeiramente por jumentos que trabalhavam com os olhos vendados, enquanto faziam girar, girar e girar o mecanismo (*).
Para concluir, refiro aqui um detalhe penoso. É que ao escravo desobediente, ou que não fazia um trabalho considerado satisfatório, era imposto, em Roma, um castigo estupidamente humilhante: o de ir, também de olhos vendados, substituir o jumento que trabalhava em um moinho. 

(*) Há evidência de que moinhos hidráulicos já eram conhecidos na Roma imperial, embora não fossem predominantes.


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7 comentários:

  1. Estou a pesquiçar um moinho de pedra ao norte de Braga que esté em funcionamento.

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    1. Olá, Carolina,

      Isso é muito interessante! Encontrei alguns moinhos de pedra desativados no Brasil. Não conheço nenhum em funcionamento, mas pode ser que exista, e que um dia desses alguém apareça aqui para contar de algum.

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    2. Olá pessoal do Blog,sou do sul de Minas,Gonçalves MG.Aqui tem moinho funcionando.Eu mesmo estou montando um

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    3. Interessante! Gostaria de ver uma foto.

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    4. Olá TD bem? Sou proprietário de um pleno funcionamento em Bueno Brandão MG a 40 anos.para visualizar entre no meu face.moinho de pedra

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  2. Olá
    Tenho uma pousada rural na qual ainda tenho um moinho de pedra em funcionamento, que foi deixado pelo meu avô.

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