Félix de Azara, que liderou a Comissão de Limites Espanhola no Paraguai entre 1789 e 1801, teve oportunidade de observar o modo como os guaranis disparavam flechas. Ao informar que o arco por eles empregado tinha uso duplo, descreveu-o como "um bastão resistente, pouco flexível, liso, grosso no centro como uma mão fechada, mas diminuindo gradualmente em direção às extremidades, que são muito pontiagudas, de modo que podem servir de lança" (¹). Para encaixe das flechas que se pretendia lançar, cada arco era, por suposto, dotado de uma corda.
Europeus que estiveram no Continente Americano nos primeiros tempos da colonização notaram que indígenas se revelavam, como regra geral, extremamente habilidosos quando atiravam flechas. Essa capacidade não vinha do acaso: treinavam desde a infância, daí resultando, também, a força extraordinária que demonstravam para vergar um arco. Contudo, os guaranis tinham, de acordo com Azara, uma técnica específica, diferente da utilizada por vários outros povos indígenas: "Para atirar [...] encaixam um pouco na terra uma das extremidades do arco e, apoiando-o com o pé, dobram-no tanto quanto possível, e é sabido como estes selvagens [sic] sabem apontar e atirar." (²)
Embora a capacidade de lançar flechas com precisão fosse muito útil em caso de guerra, atirar bem era fator de sobrevivência, porquanto muitos ameríndios - não apenas os guaranis - faziam uso de arcos e flechas para a caça. Alguns povos usavam essas armas também para a pesca. Um bom arqueiro podia, assim, prover alimento para si mesmo e para seu grupo. Era daí que lhes vinha parte do sustento quotidiano.
(1) AZARA, Félix de Viajes por la América del Sur 2ª ed. Montevideo: Imprenta del Comércio del Plata, 1850, p. 195.
(2) Ibid. Os trechos citados de Viajes por la América del Sur, de Félix de Azara, foram traduzidos por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
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