quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Problemas relacionados aos transportes no Brasil

Acabo de ler em um site de notícias que, em uma cidade importante do interior de São Paulo, vários ônibus foram vistos circulando com superlotação, impossibilitados de manter as portas fechadas, a tal ponto que, em pelo menos um caso, havia até passageiro pendurado do lado de fora. Aparentemente sem se importar com a possibilidade de um grave acidente, o motorista seguia com o veículo em movimento. 
A insuficiência e/ou deficiência (¹) dos serviços de transportes não é, no Brasil, duvidoso privilégio de uma única cidade. Casos como este a que me referi são, infelizmente, muito comuns. E não é de hoje. Vejam, leitores, este cartoon publicado na revista carioca O Malho, edição de 5 de maio de 1923 (²): 


A legenda diz:
""A diretoria da E. F. Central pediu auxílio à polícia para evitar pingentes nos seus carros." (dos jornais)
- Desça, cidadão. Você não pode viajar pendurado.
- Eu sou senhor do meu nariz. O que é que a Estrada tem com a minha vida?
- Não tem nada, mas você não pode derrubar os postes ou destruir a boca dos túneis com a cabeça.""
É verdade que nem todos os "pingentes" dos trens da Central viajavam do lado de fora por falta de espaço dentro dos carros. Mas, leitores, deixando de lado essa questão, parece haver certo humor na legenda, sugerindo que, afinal, o fator prioritário não era a integridade física dos passageiros.
Uma explicação para a deficiência nos transportes, ainda que não a única, é que o Brasil foi, por séculos, um país essencialmente rural, com poucas cidades expressivas, e que, por uma série de razões, começou a apresentar crescimento urbano acentuado a partir das primeiras décadas do Século XX. Nesse cenário, tanto a infraestrutura quanto os serviços logo se tornaram insuficientes, ou seja, não acompanharam a demanda. O problema é que o problema persiste (³), e será cada vez maior, se não houver uma mudança radical na abordagem adotada para o setor de transportes, que não pode ter em vista apenas medidas paliativas. As "soluções" de sempre já não solucionam coisa alguma.

(1) Refiro-me aos aspectos quantitativo e qualitativo do problema, respectivamente.
(2) O MALHO, Ano XXII, nº 10177. O original pertence à BNDigital; a imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
(3) É claro que a repetição foi intencional.


Veja também:

2 comentários:

  1. Não é nada disso!!!!
    Isso acontece no Brasil porque todos os políticos eleitos são corruptos e desviam o dinheiro do bolso do contribuinte para suas contas bilionárias.
    Os trens,os ônibus,o metrô,continuam lotados.As mulheres são importunadas por cafajestes que se aproveitam da situação para abusos sexuais.Fora a nova modalidade de atacarem as mulheres que estão desprevenidas comum seringas e agulhas com sangue contaminadas com vírus da AIDS e sabe se lá mais o quê.Essas mulheres são obrigadas a tomar por seis meses um coquete antiaids,o que abala e muito a saúde de quem sempre foi saudável.E eu pergunto esse país ainda tem jeito? A solução é devolver para os índios.Amiga,é essa a realidade do brasileiro.Bjs

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    Respostas
    1. Hahaha, a explicação que aparece no post está ligada ao problema que havia no tempo da República Velha, quando o crescimento urbano (em parte devido à imigração europeia), provocou uma maior demanda por serviços e, dentre eles, os transportes. Então, o que quero dizer é que os problemas daquela época, que já eram sérios, ficaram enormes, com o passar do tempo e com o crescimento populacional. Ou seja, problema não resolvido fica (quase) sempre pior.
      Já hoje... Acho que há lugares em que o transporte público até é um pouco melhor, mas, como regra, as deficiências são graves e há muito o que fazer para "pôr a casa em ordem". Um desafio para os administradores públicos, portanto.
      Um grande abraço, obrigada por comentar.

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