Exploradores europeus que chegavam ao Continente Americano, depois de uma travessia oceânica que podia durar meses, desembarcavam esfomeados. A comida dos navios era, quando existente, quase intragável. Sucede, porém, que, como regra, nas praias da América não havia nenhum banquete esperando por eles (se não tivessem cuidado, eles é que acabavam virando banquete). Em desespero de causa, só restava uma coisa a fazer: deviam, tão rápido quanto possível, adotar pelo menos alguns dos hábitos alimentares dos indígenas.
Com bons modos, conseguiam trocar facas, tesouras, canivetes, navalhas, machados, espelhos, peças de vestuário e outros objetos por milho, abóbora, mandioca, amendoim, batata, peixes, papagaios, tartarugas, etc., conforme a região em que estavam.
Com maus modos, usavam as armas de fogo, cães e cavalos para arrancar dos indígenas os estoques de comida que porventura tivessem. O inconveniente de usar a força é que quase sempre vinha uma retaliação (neste caso, plenamente justificada). Houve situações em que, face à ameaça dos invasores, tribos que antes eram inimigas se coligaram e empreenderam um ataque maciço. Não será difícil a ninguém imaginar os resultados.
Consideremos, porém, o assunto dos vegetais de uso alimentar que, à época da chegada dos primeiros colonizadores, eram cultivados por indígenas em áreas específicas do Continente. Plantas até então desconhecidas para os europeus foram por eles espalhadas pelo mundo e ganharam espaço na culinária, revolucionaram velhos hábitos e permitiram uma oferta maior de alimentos, salvando multidões da carência nutricional e mesmo da morte por inanição. As batatas, cultivadas há muito tempo na região andina, são exemplo notável, porém, dentre tantos outros, destacam-se também o amendoim, a mandioca (vital para os indígenas do Brasil), variedades de abóboras e o milho, tão importante que, entre os astecas, era associado a uma divindade, Cintéotl. Tentem imaginar, leitores, o mundo sem os gloriosos tomates - tomates que os astecas conheciam e apreciavam muito antes que Colombo e seus sucessores pusessem os pés no Continente Americano, mas que hoje estão em quase todo lugar. Como seria o mundo sem molho de tomate, em suas inumeráveis versões?
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A globalização tem a sua raiz há séculos, sem dúvida, num percurso imparável.
ResponderExcluirÉ isso mesmo, quer gostemos dela, quer não.
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