quarta-feira, 29 de maio de 2024

Vinhático

Dentre as madeiras nobres do Brasil, o vinhático (Plathymenia reticulata) foi notado, desde o início da colonização, para uso em várias finalidades, que Gabriel Soares, senhor de engenho e escritor do Século XVI, assim descreveu:
"[...] parece razão que se dê o primeiro lugar ao vinhático, [...] cuja madeira é amarela e doce de lavrar, a qual é incorruptível, assim sobre a terra como debaixo dela, e serve para as rodas dos engenhos, para outras obras deles e para casas [...]. Há também façanhosos paus desta casta, que se acham muitos de cem palmos de roda [...], mas os muito grandes pela maior parte são ocos por dentro, dos quais se fazem canoas tão compridas como galeotas, e acham-se muitos paus maciços, de que se tira tabuado de três, quatro e cinco palmos de largo. [...]" (*)
Nos tempos coloniais, o vinhático podia ser encontrado em grande parte do Brasil e, como, por suas qualidades, servisse muito bem para os propósitos dos colonizadores - estabelecimento de engenhos e navegação fluvial - foi muito procurado. Como tantas outras arvores, foi também derrubado indiscriminadamente. A questão foi de tanta gravidade que, perto do final do Século XVIII, já era evidente a necessidade, para preservação da flora nativa, da imposição de um limite ao corte de madeira de diversas espécies, que, de outro modo, acabariam extintas. 

(*) SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado Descritivo do Brasil em 1587. Rio de Janeiro: Laemmert, 1851, p. 206.


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