Sertanejo com traje de couro (²) |
"[...] No volver das inflexões da vereda, topava-se, às vezes, um vaqueiro amigo, um aliado, que se empregara nos serviços de transporte (¹). A cavalo, entrajado de couro, sombrero largo galhardamente revirado à testa trigueira e franca, à cinta o longo facão "jacaré"; à destra a lança arpoada do ferrão - quedava o matuto imóvel, à orla da passagem, desviando-se, deixando livre o curso à cavalgada, numa atitude respeitosa e altiva, de valente disciplinado, muito firme dentro da sua couraça vermelho-parda feito uma armadura de bronze, figurando um campeador robusto, coberto ainda da poeira das batalhas."Era assim, desde os tempos coloniais, que vaqueiros se vestiam no Nordeste. O traje, que hoje é retratado como "típico" ou "folclórico", servia muito bem às condições naturais que os trabalhadores que cuidavam de gado precisavam enfrentar a cada dia, percorrendo, a cavalo, longas distâncias por rotas empoeiradas e cobertas por vegetação áspera e espinhosa, capaz de rasgar a pele facilmente, se não houvesse proteção adequada. Os trajes de couro, portanto, não eram convenientes apenas porque se cuidava de gado e porque eram duráveis e resistentes. Impunham-se pela necessidade de proteção.
(1) Dentre a população local que não aderira ao movimento místico de Antônio Conselheiro, foram contratados trabalhadores para auxiliar no transporte de suprimentos para as tropas que se deslocavam rumo a Canudos.
(2). Cf. KOSTER, Henry. Travels in Brazil. London: Longman, Hurst, Rees, Orme, and Brown, 1816. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
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