quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Politeísmo

Religiões politeístas


Muitos povos do passado eram politeístas. Isso significa que, em suas ideias e práticas religiosas, admitiam a existência de múltiplas divindades. Contudo, não se deve pensar no politeísmo como fenômeno religioso restrito ao passado. Há religiões politeístas ainda hoje. 
Mas falemos do passado. Desconhecendo princípios científicos como atualmente entendidos, povos antigos olhavam para chuvas torrenciais, inundações, nevascas, granizo, secas devastadoras, terremotos, erupções vulcânicas, furacões, tsunamis - este planeta é um lugar perigoso - supondo tais acontecimentos como expressões de fúria dos deuses, que precisavam ser aplacados com sacrifícios. 
Gregos e romanos, por exemplo, foram politeístas. Entre divindades maiores e menores, tinham deuses para tudo, de fenômenos naturais à regência das diversas atividades humanas, da agricultura à poesia, da guerra à paz. Egípcios também foram politeístas famosos, elaboraram rituais complexos e estabeleceram um sacerdócio que tinha enorme importância até mesmo em questões políticas. 
O sacrifício de animais não era incomum entre os politeístas da Antiguidade. Servia, em alguns casos, para homenagear os deuses, não faltando quem imaginasse que era necessário, dessa forma, alimentar as divindades. Mais frequente era a ideia de que os sacrifícios funcionavam como uma barganha entre deuses e homens, tendo em vista uma colheita abundante, chuvas regulares, viagens felizes e outros favores mais.

Sacrifícios humanos


Algumas vezes, as vítimas destinadas aos sacrifícios eram seres humanos (¹). Horrível? Certamente. Dentre outros povos, os fenícios podem ser citados entre os que sacrificavam pessoas. Essa prática, porém, não esteve restrita à Antiguidade: os astecas, por exemplo, muito mais recentes, chegaram a fazer dos sacrifícios humanos uma espécie de razão de Estado, já que, por meio da religião, sustentavam a coesão interna de seu Império (²), justificando as contínuas guerras pela necessidade da captura de inimigos, cujo coração, ainda palpitante, seria oferecido aos deuses, a fim de assegurar o diário aparecer do sol e a manutenção da ordem no Universo. Privando os povos vizinhos de seus mais saudáveis guerreiros e trabalhadores, os astecas enfraqueciam a concorrência pelo domínio da região em que viviam. Simultaneamente, a imposição de pesados tributos aos povos derrotados em combate garantia o fluxo contínuo de riquezas na direção de Tenochtitlán, a bela e orgulhosa capital asteca no lago Texcoco. 
É difícil julgar o grau de intencionalidade e manipulação das ideias religiosas por parte da nobreza e sacerdotes astecas (³), com vistas à preservação de sua elevada posição social, mesmo porque nem todos os sacrificados eram estrangeiros, mas é bastante provável que os sacrifícios humanos, eventualmente praticados na suposição de obter favores dos deuses, tenham, aos poucos, chegado a ser uma forma deliberada de cravar a mais férrea dominação sobre outros grupos, com os quais era preciso disputar território e recursos naturais. Embora as estimativas variem, supõe-se que sacerdotes astecas efetuavam pelo menos vinte mil sacrifícios humanos a cada ano.  

(1) É evidente que nem todas as religiões politeístas incluíram sacrifícios humanos em seus rituais.
(2) Não foram os únicos a fazer uso de crenças e práticas religiosas para fins políticos..
(3) Muito do que sabemos sobre essas questões decorre de registros feitos por colonizadores espanhóis que, como é natural, filtravam o que observavam por sua própria visão de mundo.


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