quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Árvores do Brasil - Parte 1

Pau-rei (⁴)
A persistência da colonização quase exclusivamente junto ao litoral foi muito recriminada, ainda nos primeiros tempos coloniais, por vários autores. É bom lembrar, no entanto, que esse costume de estabelecer-se junto à costa era fundamentado  até mesmo em restrições legais. Não poucas vezes os que governavam em nome do monarca português insistiram em proibir incursões rumo ao interior, por entenderem, entre outros motivos, que tudo o que se produzia devia estar o mais perto possível do mar, para facilitar o embarque para o Reino.
Escrevendo na segunda metade do século XVII, o Padre Simão de Vasconcelos listou uma série de coisas que, se houvessem os primeiros exploradores penetrado logo rumo aos sertões então desconhecidos, certamente teriam observado. Entre essas coisas estavam árvores imensas, que, em seus dias, ainda eram facilmente encontradas nas matas do Brasil.
Angico (⁴)
"Veriam", escreveu ele, "seus grandes arvoredos, espessas matas que sobem às nuvens e encobrem o céu, a grossura monstruosa de seus antigos troncos, a variedade de suas preciosas espécies, as melhores de todo o Universo, dos cedros (¹), vinháticos, jacarandás, paus-reis, paus-brasis vermelhos e amarelos, bálsamos, copaíbas, almécegas, ibicuíbas ou nozes-moscadas (²), e outras espécies inumeráveis de paus reais e preciosos." (³)
O que chamava a atenção dos europeus que vinham à América do Sul, ao lado da enorme diversidade vegetal encontrada, era a dimensão que certas espécies chegavam a atingir. Claro, a maioria dessas espécies não estava restrita ao território que, na época, Portugal considerava seu - elas poderiam ser encontradas também em outras áreas. Sua excelência, rapidamente percebida, para a fabricação de móveis, além de muitos outros possíveis usos, fez com que em tempo relativamente breve as matas fossem reduzidas a tábuas para exportação. Já no século XVIII a situação mostrava-se preocupante.
 
Pau-ferro (⁴)
(1) Não se trata, por suposto, das mesmas espécies originárias das altas montanhas da Ásia e da região mediterrânica.
(2) É difícil saber exatamente a que espécie se referia o Padre Simão de Vasconcelos, já que não pode ser de fato à noz-moscada, nativa da Indonésia e não da América.
(3) VASCONCELOS, Pe. Simão de. Notícias Curiosas e Necessárias das Cousas do Brasil. Lisboa: Oficina de Ioam da Costa, 1668, p. 75.
(4) Todos os espécimes fotografados para esta postagem pertencem à Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade, em Rio Claro - SP.


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