Embora os frutos exóticos das árvores do Brasil despertassem entusiasmo nos primeiros colonizadores, não há dúvida que aqueles que pretendiam estabelecer-se, ainda que temporariamente, na Colônia, logo tentaram cultivar, em terras da América, as espécies do Velho Mundo que mais apreciavam. Assim é que, na primeira metade do século XVII, escreveu Frei Vicente do Salvador (¹):
"Das árvores e plantas frutíferas que se cultivam em Portugal, se dão no Brasil as de espinho com tanto viço e fertilidade, que todo o ano há laranjas, limões cidras e limas doces em muita abundância. Há também romãs, marmelos, figos e uvas de parreira, que se vindimam duas vezes no ano, e na mesma parreira se têm juntamente uvas em flor, outras em agraço, outras maduras, se as podam a pedaços em tempos diversos."
Além disso, também já se cultivavam hortaliças e ervas aromáticas, tão prezadas na culinária lusitana:
Além disso, também já se cultivavam hortaliças e ervas aromáticas, tão prezadas na culinária lusitana:
"Finalmente se dá no Brasil toda a hortaliça de Portugal, hortelã, endros, coentro, segurelha, alfaces, acelgas, borragens, nabos e couves [...]." (²)
É certo que nem todos os experimentos foram bem sucedidos - algumas espécies, para serem cultivadas com sucesso no Brasil, precisaram esperar por séculos, até que pesquisas científicas levassem ao desenvolvimento de variedades compatíveis com o clima e o solo. Entretanto, a extensão latitudinal da Colônia favorecia amplamente a experimentação, e as descrições favoráveis dos resultados indicam que, para os padrões portugueses da época, a produção de algumas espécies não-nativas era já bastante aceitável.
(1) História do Brasil, c. 1627.
(2) Ibid.
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