Se as proezas nas navegações oceânicas ficaram famosas, a navegação fluvial não foi menos importante: quando e onde (ainda) não havia estradas, nem mesmo trilhas, os rios eram vias muito convenientes, tanto para exploradores de um território desconhecido como para viagens regulares. Tentem imaginar, leitores, os barqueiros que, na Antiguidade, subiam o Nilo ou desciam o Eufrates, procurando alcançar, com os olhos, tudo o que havia às margens. Iam, aos poucos, compreendendo melhor aquilo que os cercava e traziam informações que contribuíam para a construção de um conceito do mundo, tal qual era, ou tal qual supunham ser.
Tão decisivos eram os rios, e não só pela água, que, em não poucas mitologias, o caminho dos mortos para algum tipo de vida além-túmulo era imaginado como ocorrendo através de um rio (¹), uma ideia que, surpreendentemente, sobreviveu por longos séculos (²).
Os rios não foram, contudo, apenas rotas de paz, para descobridores e comerciantes. Grupos invasores frequentemente se deslocavam através deles. Foi assim, por exemplo, na Idade Média, quando saxões, deixando suas terras escassas e pouco produtivas na Europa Continental, invadiram a Grã-Bretanha, usando barcos longos e estreitos, capazes de levar três ou quatro dezenas de remadores dispostos aos pares. Suas embarcações eram perfeitas para rios, embora também tenham servido para a travessia do Mar do Norte, a despeito de todos os evidentes riscos.
No Brasil, desde o Século XVI, exploradores europeus perceberam que rios seriam, quase sempre, os melhores caminhos no rumo do interior. Havia trilhas indígenas, é fato, mas os rios pareciam mais seguros e permitiam um deslocamento mais rápido. A navegação, para esses exploradores, quase sempre se fazia contra a corrente, visto que a maioria dos rios deságua no oceano ou em algum outro rio que, por sua vez, corre para o mar. Há, contudo, um caso notável no Brasil, de um rio importante que corre para o interior: o Tietê. Por ele, e muitas vezes com o auxílio de indígenas, colonizadores e missionários avançaram, gradualmente, para o interior do Brasil. A descoberta de ouro em Mato Grosso no Século XVIII converteu o Tietê, temporariamente, em parte essencial da rota das monções cuiabanas. O ouro diminuiu, as viagens pelo Tietê, por conseguinte, também foram ficando mais raras. Restaram o conhecimento e ocupação do interior, o nascimento de núcleos de povoação nas margens e, com isso, uma contribuição para a formação do Brasil, enquanto país com um território definido.
Tão decisivos eram os rios, e não só pela água, que, em não poucas mitologias, o caminho dos mortos para algum tipo de vida além-túmulo era imaginado como ocorrendo através de um rio (¹), uma ideia que, surpreendentemente, sobreviveu por longos séculos (²).
Os rios não foram, contudo, apenas rotas de paz, para descobridores e comerciantes. Grupos invasores frequentemente se deslocavam através deles. Foi assim, por exemplo, na Idade Média, quando saxões, deixando suas terras escassas e pouco produtivas na Europa Continental, invadiram a Grã-Bretanha, usando barcos longos e estreitos, capazes de levar três ou quatro dezenas de remadores dispostos aos pares. Suas embarcações eram perfeitas para rios, embora também tenham servido para a travessia do Mar do Norte, a despeito de todos os evidentes riscos.
No Brasil, desde o Século XVI, exploradores europeus perceberam que rios seriam, quase sempre, os melhores caminhos no rumo do interior. Havia trilhas indígenas, é fato, mas os rios pareciam mais seguros e permitiam um deslocamento mais rápido. A navegação, para esses exploradores, quase sempre se fazia contra a corrente, visto que a maioria dos rios deságua no oceano ou em algum outro rio que, por sua vez, corre para o mar. Há, contudo, um caso notável no Brasil, de um rio importante que corre para o interior: o Tietê. Por ele, e muitas vezes com o auxílio de indígenas, colonizadores e missionários avançaram, gradualmente, para o interior do Brasil. A descoberta de ouro em Mato Grosso no Século XVIII converteu o Tietê, temporariamente, em parte essencial da rota das monções cuiabanas. O ouro diminuiu, as viagens pelo Tietê, por conseguinte, também foram ficando mais raras. Restaram o conhecimento e ocupação do interior, o nascimento de núcleos de povoação nas margens e, com isso, uma contribuição para a formação do Brasil, enquanto país com um território definido.
(1) É o caso do Aqueronte na mitologia grega, um rio que de fato existe e pelo qual se supunha que os mortos viajavam para ir ao reino de Hades.
(2) Na poética do protestantismo, por exemplo, expressões equivalentes à travessia de um rio foram, por muito tempo, um modo de se referir à morte de um cristão, e, com esse sentido, obras literárias e cânticos religiosos falavam em "atravessar o Jordão", por analogia à travessia do rio Jordão, na Antiguidade, pelos hebreus que vinham do Egito. Um exemplo notável pode ser encontrado em The Pilgim's Progress, de John Bunyan, um clássico da literatura inglesa do Século XVII.
Veja também:
Atravessar um rio significa sempre sair da sua zona de conforto. Para o que der e vier.
ResponderExcluirUm bom domingo, Marta :)
Isso mesmo. Quem é que pode adivinhar o que haverá na outra margem???
ExcluirOi!
ResponderExcluirBom dia!
Descobri este blog. Que coisa maravilhosa!
Parabéns!
Olá, Bernardo Mendes, obrigada pela visita ao blog!
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