Em Roma, os espetáculos públicos eram assunto de Estado: esperava-se que impedissem revoltas populares contra a elite político-econômica e contra os governantes, dando ocupação às multidões de homens livres que viviam na ociosidade, já que muito do trabalho era feito por escravos.
Havia espetáculos para quase todos os gostos. Gente pacífica podia se entusiasmar com corridas de bigas, os mais sanguinários dificilmente iriam se queixar das lutas de gladiadores. Houve até quem, para entretenimento, ordenasse a realização de uma batalha naval simulada. Pode-se imaginar o quanto isso tudo afetava o erário. No Império Romano, a paz interna, tanto quanto a externa, era altamente dispendiosa.
Augusto, considerado o primeiro imperador, teve cuidado em fazer realizar espetáculos notáveis, como nenhum outro fizera antes dele. Gostava das lutas, especialmente do pugilato, mas, de acordo com Suetônio (*), sempre que era possível fazer a exibição de um animal incomum, fosse pela ferocidade ou pelas dimensões, não esperava sequer as datas previamente assinaladas para grandes eventos. Ciente de que o povo romano não apreciava o comportamento de Júlio César, seu antecessor, que chegara a ler e escrever cartas durante os jogos, tal era seu descaso pelo que acontecia, Augusto ia aos espetáculos acompanhado da família e, enquanto assistia, não se ocupava de qualquer outra tarefa. Para governar Roma, era preciso demonstrar interesse pelo que apaixonava os romanos.
(*) Cf. SUETÔNIO. De vita Caesarum Livro II.
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