Impressores trabalhando no Século XVI (¹) |
Como o processo de cópia era lento e o material usado era dispendioso, os livros custavam caro, e poucos podiam pagar por eles. Isso, afinal, não era um grande problema para as "pessoas comuns", porque a maioria delas não sabia ler e, portanto, livros, para elas, eram objetos inúteis. Estudantes e mesmo eruditos precisavam recorrer às bibliotecas de conventos e universidades. Uma coleção que tivesse duzentos ou trezentos títulos já era bastante respeitável. Não deve causar espanto que, nesse tempo, em algumas bibliotecas os livros fossem presos a correntes que, por sua vez, eram ligadas às paredes. Isso evitava que algum estudioso apaixonado tentasse levar livros para casa, a despeito das dimensões pouco práticas das cópias manuscritas, com encadernações de couro e pesados fechos de bronze.
Tudo mudou a partir da invenção da prensa com tipos móveis. Correm histórias alternativas para esse acontecimento, mas foi Gutenberg quem conseguiu dar à imprensa um uso realmente viável em larga escala. Seu trabalho era limpo, rápido - para os padrões da época - e, embora os livros ainda fossem caros, eram muito mais acessíveis do que nos séculos precedentes, um feito que, em termos de importância, pode perfeitamente ser comparado ao descobrimento da América. Agora os livros eram fabricados em oficinas, nas quais novas profissões entravam em cena, destacando-se, entre elas, as de impressor e encadernador.
Cada página devia ser composta individualmente, mas, como os tipos ("letras") eram móveis, podiam ser reutilizados posteriormente para fazer outras páginas. Uma vantagem adicional é que, estando pronta a composição de uma página, podiam-se tirar tantas cópias quanto desejadas. Aplicava-se tinta à página, e, na prensa, um mecanismo relativamente simples (ponto para Gutenberg!), o texto era copiado em folhas de papel, que, em seguida, eram postas a secar. Tudo isso era trabalho do impressor.
Encadernadores fazendo seu trabalho em uma oficina do Século XVI (²) |
Simultaneamente, vieram à cena os comerciantes de livros, muitas vezes junto às próprias oficinas de impressores. Vendiam apenas as edições feitas ali mesmo, sendo, nesse aspecto, diferentes das livrarias como as conhecemos, nas quais são comercializadas obras das mais diversas editoras. Mas, convenhamos, era um grande progresso, principalmente se levarmos em conta que tudo isso acontecia em uma época - a do Renascimento - em que havia grande interesse pelas traduções de autores da Antiguidade Clássica (gregos e romanos), ao lado de uma expressiva produção original de autores que escreviam nos nascentes idiomas nacionais, deixando de lado a tradição de escrever apenas em latim. Novas ideias eram concebidas, escritas, impressas e postas a circular. Uma verdadeira revolução cultural, que não tardou a despertar preocupações no establishment religioso e monárquico. Procedimentos de censura não demorariam a aparecer.
(1) AMMAN, Jost. Aller Stande auf Erden. Frankfurt: Georg Raben, 1568.
(2) Ibid.
(1) AMMAN, Jost. Aller Stande auf Erden. Frankfurt: Georg Raben, 1568.
(2) Ibid.
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Esse Gutenberg merecia ganhar um Óscar. Não imagino a minha vida sem livros.
ResponderExcluirEu também não, mas não é necessário que sejam de papel. Gosto dos e-books.
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