Os gregos, segundo conta Hesíodo em Os Trabalhos e os Dias, diziam que deuses e homens teriam vindo à existência pela mesma época. Os primeiros homens, pertencentes à Idade de Ouro, tinham uma vida maravilhosa, seus trabalhos agrícolas eram produtivos, faziam grandes festas, não sofriam com o envelhecimento e, na hora de morrer, simplesmente morriam - de acordo com Hesíodo, "como se tivessem dormido".
Essa geração excelente, porém, não durou para sempre. Veio, depois dela, a Idade de Prata, cujos homens eram inferiores à geração precedente, tanto no físico como no intelecto, e, entre muitos outros defeitos, ostentavam o péssimo hábito (para ira de Zeus, filho de Cronos), de não dar grande importância aos deuses e nem de oferecer sacrifícios em sua honra. Não admira que também tenham desaparecido (foram absorvidos por Zeus, segundo o relato de Hesíodo).
Então chegou a vez dos homens da Idade de Bronze. Eram uns grandes encrenqueiros, viviam a perpetrar ofensas, eram muito fortes e, nas palavras de Hesíodo, "como eram capazes de trabalhar o bronze, tinham armas [...] de bronze, porque não se conhecia ainda o negro ferro".
Nesse ponto é que teriam aparecido os semideuses ou heróis, valentes, hábeis na guerra, como foram, por exemplo, os que lutaram contra Troia por causa do rapto de Helena, ou os que diante de Tebas porfiavam pelos rebanhos de Édipo.
Finalmente veio a geração da Idade de Ferro, à qual Hesíodo, mesmo lamentando, admitia pertencer. Atormentados pelos deuses, os homens viviam/vivem cheios de aborrecimentos e não tinham/têm tranquilidade, quer nas horas do dia, quer nas da noite. Afirmando que no futuro essa gente ótima também acabaria destruída por Zeus, Hesíodo explicou:
"Filhos perversos não terão qualquer respeito pelos pais idosos, e sem qualquer temor à vigilância dos deuses, insultarão àqueles que os geraram. [...] Uma cidade saqueará a outra, homens violentos terão preeminência, a piedade, os atos justos e as ações meritórias desaparecerão [...], prevalecerão o engano e o perjúrio." (*)
Vejam, leitores, que Hesíodo era mesmo um sujeito cheio de imaginação. Onde é que já se viu supor a existência de uma geração de homens assim?
(*) As citações de Os Trabalhos e os Dias de Hesíodo que aparecem nesta postagem foram traduzidas por Marta Iansen para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
Veja também:
Estes homens da Idade do Ferro parecem parecem ter encontrado o gene da multiplicação, apetecendo mesmo "colar-lhes" um lema: de multiplicação em multiplicação, até a apoteose final. ;)
ResponderExcluirUm beijinho, Marta :)
Rsrsrsrsrsssssssss Concordo plenamente, mesmo lamentando que seja assim...
Excluir