sexta-feira, 1 de julho de 2016

Descoberta e desenvolvimento da fotografia infravermelha

Sir William Herschel, em 1800, percebeu que a radiação não era um fenômeno restrito apenas ao espectro visível - havia algo mais que era preciso explorar. Mas, para que alguém pudesse chegar à fotografia infravermelha, era necessário, primeiro, que a própria fotografia existisse, e em 1800 ela nem ainda havia sido inventada. Foi ao longo do Século XIX que essa arte-ciência surgiu e se desenvolveu. Muitos processos foram testados, mas alguns (daguerreotipia, calotipia, colódio úmido, etc.), pela praticidade e pela beleza dos resultados, acabaram se impondo.
Fotógrafos desse tempo precisavam ter verdadeiros laboratórios de química e, para saber se alguém estava envolvido com fotografia, bastava olhar para as pontas dos dedos da criatura, porque os reagentes usados para a obtenção de uma gama de efeitos deixavam marcas bem pouco discretas.
Toda essa diversão, digo, todo esse trabalho tinha por objetivo aperfeiçoar a técnica de reprodução de imagens dentro do espectro visível. Já a fotografia infravermelha viria a lidar com uma região do espectro que simplesmente não pode ser vista a olho nu, ou seja, na faixa entre 700 e 1200 nanômetros. Por isso é que as imagens obtidas resultam surpreendentes, em particular quando capturadas sob forte luz solar. É aí que a vegetação, por mais verde que seja à luz visível, aparenta estar coberta de neve, mesmo sob o mais esplendoroso sol de um verão tropical: trata-se do "Efeito Wood", uma homenagem a Robert Williams Wood, primeiro pesquisador a publicar uma imagem infravermelha. Foi no ano de 1910 e, para as condições da época, constituiu-se em verdadeira proeza.
Nas décadas imediatas a fotografia infravermelha progrediu bastante, à medida que a produção de placas e filmes com a sensibilidade adequada veio a ser possível, em virtude da descoberta de substâncias como a criptocianina, em 1919 e as di e tri-carbocianinas em 1923. Filmes comerciais, porém, somente apareceram na década de 1930. Como os leitores devem imaginar, a era da fotografia digital trouxe grandes novidades também para as imagens infravermelhas, e hoje elas têm uma série de aplicações que vão muito além da arte, incluindo uso militar, em mapeamento de precisão, na medicina forense e na astronomia.
Para diversão dos leitores, vão aqui algumas fotografias infravermelhas de locais de interesse histórico.

1. Igreja de Sant'Ana, reconstruída em Paracatu - MG. A original, do Século XVIII, foi demolida.
Fotografia infravermelha a 680 nanômetros.



2. Catedral de Nossa Senhora do Amparo, cidade de Amparo - SP. Foi construída durante a fase áurea de exportação do café. 
Fotografia infravermelha monocromática a 720 nanômetros.



3. Casario colonial no centro histórico de Pirenópolis - GO. 
Fotografia infravermelha a 720 nanômetros.



4. Casario Colonial em Corumbá de Goiás - GO.
Fotografia infravermelha a 680 nanômetros.



5. Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário em Pirenópolis - GO. A construção original do Século XVIII foi bastante danificada por um incêndio, de modo que a igreja precisou ser parcialmente reconstruída.
Fotografia infravermelha a 720 nanômetros.



6. Estrada do Norte, rota de tropeiros do Século XVIII na Serra dos Pireneus, Estado de Goiás.
Fotografia infravermelha a 720 nanômetros.



7. Igreja de São Sebastião, construção do Século XIX em Planaltina - DF.
Fotografia infravermelha a 720 nanômetros.



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