terça-feira, 30 de agosto de 2011

Uma receita inusitada de mingau

Mingau, quem não sabe? É aquela comidinha molenga, preparada geralmente para a alimentação de crianças pequenas. Pode ser recomendável também para adultos que, por estarem doentes, não consigam ingerir alimento sólido. Claro, há adultos perfeitamente saudáveis que também apreciam, é só uma questão de gosto. Pode-se fazer mingau com uma variedade de ingredientes, a critério de quem o prepara, mas este de hoje é, não só inusitado, como explica a própria origem da palavra.
Vamos por um instante ao século XVI, quando nosso já conhecido Hans Staden, em sua segunda viagem ao Brasil, acabou prisioneiro dos tupinambás.
Pois bem, a ideia dos tupinambás era que seu prisioneiro fosse homenageado com uma grande festança, na qual seria... devorado. Entretanto, Hans Staden conseguiu ir retardando o tal banquete, até ser finalmente resgatado, podendo retornar à Europa. Enquanto isso, foi fazendo suas observações sobre o modo de vida de seus "hospedeiros", que mais tarde relatou em um livro (¹).
O que agora veremos é o que tudo isso tem a ver com mingau.
Tupinambás em festa, preparando
e servindo "mingau" (³)
Hans Staden observou que as índias, ao prepararem por cozimento qualquer comida, fosse de carne ou peixe, tinham o costume de sempre adicionar pimenta verde, deixando tudo no fogo até que um caldo se formasse. A esse caldo, com aspecto mais ou menos de uma sopa, é que se dava o nome de mingau, sendo bebido sempre em cuias feitas com as cascas de um fruto nativo, a purunga ou porongo. Até aqui, nada exageradamente estranho, não?
Mais adiante em sua narrativa, Hans Staden conta como era sacrificado o prisioneiro que alimentaria a tribo. O encarregado de abatê-lo batia em sua sua cabeça com uma pesadíssima maça (²), o que resultava em partir o crânio, fazendo partes dos cérebro saltarem para fora. Continue a ler!
Em seguida, as mulheres arrastavam o corpo para próximo do fogo, onde era devidamente esquartejado para que, das partes, se fizesse um tipo de churrasco, a que se chamava, segundo Hans Staden, Mockaein (talvez moquém).
E o mingau? Ora, os intestinos eram separados, deles sendo feita uma sopa, o famoso mingau, que se usava servir às mulheres e crianças.

(1) Zwei Reisen nach Brasilien, publicado em Marburg, c. 1557.
(2) Arma indígena, semelhante a uma clava.
(3) Imagem de acordo com a edição de Marburg (editada para facilitar a visualização neste blog).


Veja também:

6 comentários:

  1. arghhhhhhhhhhhhhhh pra que eu li?!??!? vou tomar uma coca-cola agora....

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu avisei - era pra quem tivesse estômago! KKKKKKKKKKKKKKKKK

      Excluir
  2. Sopa de instestino humano, será que eles limpavam antes, ahh

    ResponderExcluir
  3. Agora entendi pq o lobo mau pega as criancinhas pra fazer mingau...

    ResponderExcluir

Democraticamente, comentários e debates construtivos serão bem-recebidos. Participe!
Devido à natureza dos assuntos tratados neste blog, todos os comentários passarão, necessariamente, por moderação, antes que sejam publicados. Comentários de caráter preconceituoso, racista, sexista, etc. não serão aceitos. Entretanto, a discussão inteligente de ideias será sempre estimulada.