quinta-feira, 7 de julho de 2011

Os esportes no Brasil do Século XIX e início do Século XX - Parte 4


Regatas em Santos, A Cigarra,
15 de junho de 1914.
Compreende-se facilmente que em um país com vastíssimo litoral como é o Brasil, as regatas já tenham ocupado uma posição de destaque entre os esportes. Para dizer a verdade, chega a surpreender que não alcancem hoje tanta importância quanto tiveram no passado. Embora não se possa relacionar a canoagem indígena à prática essencialmente esportiva, sendo antes uma habilidade de caráter prático, vem a ser proverbial a facilidade que tinham os indígenas do século XVI em remar suas canoas a grande velocidade, o que lhes dava uma vantagem extra quando em confronto com tribos inimigas.
Como esportes, o remo e a canoagem despertaram muito interesse do público, isso desde os anos que precederam a virada do século até às décadas de 1920 e 1930. Não é, pois, estranho, que muitos clubes brasileiros, nos quais hoje o futebol é hoje a atividade mais importante, conservem ainda nomes do tipo "Clube de Regatas..." ou "Sociedade de Regatas...".

Canoa a quatro remos construída nas oficinas do "Club Esperia",
A Cigarra, 31 de outubro de 1917.
À semelhança de muitos outros esportes, nesse caso também a influência britânica foi marcante. As regatas aconteciam no mar, embora rios como o Tietê (pode acreditar!) também fossem palco de competições que atraíam vasta assistência e despertavam as paixões dos torcedores, com o mesmo ímpeto que hoje observamos em outras modalidades.
Ora, não se pode negar que, em uma época na qual as polêmicas sobre a relevância dos esportes eram acaloradas, havia também quem, desdenhando o interesse dos torcedores, olhasse com azedume para as regatas. Para que meus leitores tenham um exemplo disso, vai aqui um trechinho curioso, escrito por Lima Barreto:
"O segundo filho não quisera ir além do curso primário.
Empregara-se logo em um escritório comercial, fizera-se remador de um clube de regatas, ganhava bem e andava pelas tolas festas domingueiras de esporte, com umas calças sungadas pelas canelas e um canotier muito limpo, tendo na fita uma bandeirinha idiota." (*)
Já se vê que o escritor não era adepto da modalidade, não é?

(*) LIMA BARRETO. A Biblioteca, in Histórias e Sonhos.


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