A chamada "República Velha" foi uma época fervilhante de produção humorística, quer impressa em revistas e jornais, quer em canções que tocavam em fonógrafos e gramofones e que, a partir de meados dos anos vinte, começaram a ser ouvidas também através do rádio. Os alvos privilegiados eram, quase sempre, os políticos, numa clara demonstração de que a população brasileira começava a manifestar maior interesse por assuntos relacionados ao governo do País. A despeito disso, outros segmentos eram também "espetados" pelos cartunistas e, dentre esses, não escapavam os esportistas.
Para dar uma ideia de como as coisas aconteciam, selecionei uma anedota, publicada em 1910 (voltada para o pessoal das regatas) e um cartum, cujo título, "As Caras do Ciclista" já dá, por si, o tom da brincadeira. Vale lembrar que os ciclistas estiveram, por um bom tempo, na mira dos humoristas, em razão de haver muita gente que considerava as bicicletas um brinquedo de criança, divertindo-se às custas dos homens barbados que ousavam tentar equilibrar-se sobre rodas. Portanto, como meio de transporte, a bicicleta demorou ainda um pouco para firmar-se no conceito popular.
1. Anedota publicada na revista paulistana A Lua, na edição de março de 1910:
"Um sócio do S. Paulo Regatas, não tendo outro assunto, pergunta ao remador que conduz a barca:
- Tem se perdido muita gente neste rio?
- Nem um, patrão. Já se têm afogado muitos, mas depois de dois ou três dias aparecem outra vez."
2. "As Caras do Ciclista", cartum publicado na revista A Cigarra, também paulistana, em edição de 25 de maio de 1914:
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