Romana desconhecida (¹) |
Para as mulheres romanas, porém, nada se comparava às pérolas. Elas vinham de pontos remotos ao longo do Oceano Índico, onde mergulhadores, quase sempre escravos, arriscavam a vida para encontrá-las. O desejo por pérolas era tão alucinante que até mesmo a gente pobre de Roma sonhava com elas, e fazia o possível para adquiri-las - foi Plínio, o Velho, quem disse (²). E disse mais: era nas orelhas (³) que quase todas as damas romanas gostavam de ostentá-las, embora também fosse moda usá-las presas aos calçados e até em chinelos, havendo quem apreciasse pisar sobre elas (⁴). Que coisa incômoda!
Contudo, meus leitores, Plínio alegou ter sido testemunha ocular de extravagância muito maior. "Eu vi Lolia Paulina (⁵) [...]", disse ele, "não só em cerimônias solenes mas até em jantares corriqueiros, coberta de esmeraldas e pérolas, resplandecendo alternadamente sobre toda a cabeça, cabelos, orelhas, pescoço e dedos, no valor de quarenta milhões de sestércios (⁶)" (⁷). De onde vinha tudo isso? O mesmo Plínio não teve dúvida em concluir que, afinal, provinha do espólio arrancado às províncias conquistadas por Roma.
(1) Cf. HEKLER, Anton. Die Bildniskunst der Griechen und Römer. Stuttgart: Julius Hoffmann, 1912, p. 244. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
(2) Cf. PLÍNIO, o Velho. Naturalis Historia, Livro IX.
(3) Ibid., Livro XI.
(4) Ibid. Livro IX.
(5) Terceira esposa do imperador Calígula.
(6) Se admitirmos o sestércio como um quarto do valor de um denário, os quarenta milhões de sestércios equivaleriam a dez milhões de denários. Sabe-se que o denário era o salário habitualmente pago por dia de trabalho de um trabalhador comum. Portanto, a senhora Lolia Paulina estaria coberta por dez milhões de dias de trabalho, nem mais e nem menos.
(7) PLÍNIO, o Velho. Op. cit., Livro IX. O trecho citado foi traduzido por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
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