terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Para que os romanos usavam marfim

Elefantes adultos têm presas muito desenvolvidas. Infelizmente para eles, essa característica tem resultado em perseguição e extermínio. Mesmo havendo muita pressão para que o emprego do marfim, independentemente da finalidade, seja banido por completo, o tráfico ilícito persiste e o cenário internacional favorece a suposição de que será difícil erradicá-lo.
Elefantes foram muito admirados na Antiguidade. Os romanos, por exemplo, que desde a guerra contra Pirro haviam aprendido a temer esses animais, chegaram também a usá-los em combate e, não satisfeitos, passaram a incluí-los nos espetáculos realizados para entretenimento de multidões de desocupados (¹). Todavia, há registro de que em 114 a.C. o Senado tentou impedir que animais africanos fossem trazidos à Itália, sob o temor de que escapassem e saíssem do controle, criando problemas de segurança para a população - na Antiguidade, essa era uma preocupação legítima. Um tribuno da plebe, porém, logo entrou em ação para que os espetáculos de crueldade, nos quais elefantes eram protagonistas e vítimas, não fossem prejudicados. Esse incidente foi assim descrito por Plínio (²), no Livro VIII de Naturalis historia: "Um senatus consultum vetou a entrada de feras africanas na Itália, porém Cneu Aufídio, sendo tribuno da plebe, obteve em assembleia popular que essa decisão fosse revogada, permitindo-se a importação para espetáculos circenses." (³)
Contudo, havia algo mais, quanto aos elefantes, que despertava grande interesse em Roma: era o marfim proveniente das presas. Foi também Plínio quem disse: "Presas de elefantes são vendidas a preço elevado, fornecendo um belíssimo material para imagens de deuses." (⁴)

Nesta gravura do Século XVI (⁵),  vê-se a tentativa de representar um elefante - que tal, leitores?

(1) Apenas uma dentre as muitas consequências da escravização em massa de inimigos derrotados em combate.
(2) 23 d.C. - 79 d.C.
(3) PLÍNIO. Naturalis historia, Livro VIII.
(4) Ibid. Os trechos de Naturalis historia citados nesta postagem foram traduzidos por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
(5) GESNER, Conrad. Icones Animalium Quadrupedum Viviparorum et Oviparorum. Zürich: Christof Froshover, 1560. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.



Veja também:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Democraticamente, comentários e debates construtivos serão bem-recebidos. Participe!
Devido à natureza dos assuntos tratados neste blog, todos os comentários passarão, necessariamente, por moderação, antes que sejam publicados. Comentários de caráter preconceituoso, racista, sexista, etc. não serão aceitos. Entretanto, a discussão inteligente de ideias será sempre estimulada.