quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Façanhas bizarras de soldados que acompanharam Hernán Cortés na invasão do Império Asteca

A Hernán Cortés foram atribuídas todas as honras da conquista do México, com pouca ou nenhuma referência aos feitos e valor dos mais soldados - essa foi a queixa que, ao final de sua Verdadera Historia de los Sucesos de la Conquista de la Nueva España, fez Bernal Díaz del Castillo. Com notável memória, porque já eram passados muitos anos desde o fim do Império Asteca, fez uma lista extensa dos homens que acompanharam Cortés, mencionando o nome de quase todos, além de algumas de suas façanhas. 
Contudo, nem todos se notabilizaram pelos feitos de armas. Vejam, leitores, dentre os citados por Bernal Díaz, alguns que tiveram fama por outras razões:
"Cristóbal de Olí (1) [...] morreu [...] degolado [...] porque se insurgiu com uma armada que Cortés lhe confiara."
"Pedro de Solis Atrás-da-porta, porque estava sempre em sua casa atrás da porta, olhando os que passavam na rua, mas não podia ser visto [...]."
"um bom soldado (2) que tinha uma mão a menos, que fora cortada pela Justiça em Castela [...]."
"Juan Perez, que matou sua mulher [...]."
"[...] Fulano Suarez o Velho, que matou sua mulher com uma pedra de moer milho [...]."
"[...] Gonzalo de Umbria, muito bom soldado, a este [...] Cortés mandou cortar os dedos dos pés [...]."
"[...] outro soldado que se chamava Yañes, natural de Córdoba, e este soldado foi conosco a Las Higueras, e enquanto isso sua mulher se casou com outro marido [...]."
"[...] outro soldado que se chamava Ribadeo, galego, que nós apelidamos Beberreo, porque bebia muito vinho [...]."
"[...] um soldado que se chamava Álvaro, homem do mar, natural de Palos, do qual se dizia que teve com índias da terra trinta filhos em cerca de três anos [...]."
Finalmente, três homens com o mesmo sobrenome - Tarifa -, dois deles destacados mais pelo que falavam que pelo que faziam:
"[...] três soldados que tinham por sobrenome Tarifa; um foi morador de Guaxaca [...]; outro era chamado Tarifa dos serviços, porque vivia dizendo que servia a sua majestade e não lhe davam nada [...]; e ao outro chamavam Tarifa das mãos brancas, [...], porque não era para a guerra nem para coisa de trabalho, mas apenas para falar de coisas passadas que lhe haviam acontecido em Sevilha [...]." (3)
(1) Foi um dos principais líderes da campanha de conquista de Tenochtitlán.
(2) Seu nome não foi referido por Bernal Diaz del Castillo.
(3) Todos os trechos aqui citados da  Verdadera Historia de los Sucesos de la Conquista de la Nueva España foram traduzidos por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias


Veja também:

2 comentários:

  1. Bernal Díaz del Castillo,um cronista que merece ser estudado. Para mais não dizer.

    Grato pela preciosa informação, Marta.

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    Respostas
    1. Estamos, como sabe, lembrando (e não comemorando) os quinhentos anos da invasão do Império Asteca por Cortés e seus comandados. Bernal Díaz esteve lá e participou dos combates. Mais tarde, já idoso, resolveu escrever suas memórias. Por isso, sim, merece ser estudado. Sem dúvida tinha algo a dizer.

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