quinta-feira, 15 de abril de 2021

Zeus

Zeus foi assim representado na Antiguidade (¹)
No panteão greco-romano, Zeus (Júpiter) era o mais importante dos deuses. Não era, porém o primeiro. Fora gerado por Cronos, o tempo, que, por sua vez, era filho de Urano. A mitologia associada a essa pérfida árvore genealógica é de tirar o fôlego. Incitado pela mãe, Cronos castrou o pai e, a seguir, tornou-se um devorador dos próprios filhos. Um escapou de sua voracidade - era o pequeno Zeus - que, mais tarde, acabaria destronando o pai, para assumir o controle supremo de tudo à sua volta.
"Ninguém é capaz de contrariar a vontade de Zeus", disse o poeta Hesíodo em Os Trabalhos e os Dias.
Compostas e espalhadas oralmente, as lendas da Antiguidade ofereciam um arsenal de explicações para a sobrevivência de Zeus, ante a fúria devoradora de Cronos. Uma delas, de ampla circulação, assegurava que fora levado à ilha de Creta pela avó e que lá fora criado por uma cabra chamada Amalteia (²). Cronos não devia, portanto, ser assim tão poderoso, já que era passível de ser enganado. De qualquer modo, o menino Zeus sobreviveu e cresceu, fez-se adulto e casou-se com Hera, uma deusa com quem teve filhos (ainda que não só com ela). Estava nos seus hábitos relacionar-se também com ninfas e humanas, mesmo que, para isso, precisasse adotar algum disfarce. Para raptar a bela Europa, por exemplo, que andava junto ao mar, apareceu sob a forma de um touro muito gentil. Dizia-se, na Antiguidade, que dessa união nascera Minos, célebre rei de Creta, personagem que, na mitologia, esteve, curiosamente, sempre ligado a touros (³). Já para a nobre Leda, princesa da Etólia, Zeus se apresentou sob a forma de um cisne...
Por que havia tantas versões para a lenda de Zeus?
É preciso lembrar que tudo isso é lenda para nós; para os antigos gregos, era parte de suas crenças religiosas, cuja variedade talvez se explique pelas migrações, viagens frequentes e contato com diferentes culturas, resultando, com o correr do tempo, em amálgama de relatos. A sistematização das ideias sobre os deuses é fenômeno posterior. Hesíodo, o poeta grego já citado, foi responsável por parte disso em sua Teogonia, possivelmente composta para recitação, e só mais tarde fixada na forma escrita.

(1) BRUNN, Heinrich. Griechische Götterideale. München: Verlagsanstalt für Kunst und Wissenschaft, 1893, p. 98. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
(2) Deuses e grandes homens criados por animais foram um tema frequente na Antiguidade. Lembram-se, leitores, da loba que teria cuidado de Rômulo e Remo?
(3) Não se esqueçam do Minotauro!


Veja também:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Democraticamente, comentários e debates construtivos serão bem-recebidos. Participe!
Devido à natureza dos assuntos tratados neste blog, todos os comentários passarão, necessariamente, por moderação, antes que sejam publicados. Comentários de caráter preconceituoso, racista, sexista, etc. não serão aceitos. Entretanto, a discussão inteligente de ideias será sempre estimulada.